George
Whitefeld Pregador ao ar livre (1714-1770)
Fonte (Orlando Boyer,Herois da fé,cpad,1985,pp.73-84)
Mais de 100 mil homens e mulheres rodeavam o pregador, há mais
de duzentos anos, em Cambuslang, Escócia. As palavras do sermão, vivificadas
pelo Espírito Santo, ouviam-se distintamente em todas as partes que formavam
esse mar humano. É-nos difícil fazer uma idéia do vulto da multidão de 10
mil penitentes que responderam ao apelo para se entregarem ao
Salvador. Estes acontecimentos servem-nos como um dos poucos exemplos do
cumprimento das palavras de Jesus: "Na verdade vos digo que aquele
que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do
que estas, porque vou para meu Pai" (João 14.12).
Havia "como um fogo ardente encerrado nos ossos" deste
pregador, que era Jorge Whitefield. Ardia nele um zelo santo de ver todas as
pessoas libertas da escravidão do pecado. Durante um período de vinte e oito
dias fez a incrível façanha de pregar a 10 mil pessoas diariamente. Sua voz se
ouvia perfeitamente a mais de um quilômetro de distância, apesar de fraco de
físico e de sofrer dos pulmões.Não havia prédio no qual coubessem os auditórios
e, nos países onde pregou, armava seu púlpito nos campos, fora das cidades.
Whitefield merece o título de príncipe dos pregadores ao ar
livre, porque pregava em média dez vezes por semana, e isso fez
durante um período de trinta e quatro anos, em grande parte sob o teto
construído por Deus -os céus.
A vida de Jorge Whitefield era um milagre. Nasceu em uma taberna
de bebidas alcoólicas. Antes de completar três anos, seu pai faleceu. Sua mãe
casou-se novamente, mas a Jorge foi permitido continuar os estudos na escola.
Na pensão de sua mãe, fazia a limpeza dos quartos, lavava roupa e vendia
bebidas no bar. Estranho que pareça e apesar de não ser salvo, interessava-se
grandemente pela leitura das Escrituras, lendo a Bíblia até alta noite preparando
sermões. Na escola era conhecido como orador: Sua eloqüência era
natural e espontânea, um dom extraordinário de Deus, dom que possuía sem ele
mesmo saber.
Custeou os próprios estudos em Pembroke College, Oxford,
servindo como garçom em um hotel. Depois de estar algum tempo em Oxford,
ajuntou-se ao grupo de estudantes a que pertenciam João e Carlos Wesley.
Passou muito tempo, como os demais do grupo, jejuando e esforçando-se para
mortificar a carne, a fim de alcançar a salvação, sem compreender que "a
verdadeira religião é a união da alma com Deus e a formação de Cristo em nós."
Acerca da sua salvação, escreveu algum tempo antes de morrer:
"Sei o lugar onde... Todas as vezes que vou a Oxford, sinto-me impelido a
ir primeiro a este lugar onde Jesus se revelou a mim, pela primeira vez, e me
deu o novo nascimento".
Com a saúde abalada, talvez pelo excesso de estudo, Jorge voltou
a casa para recuperá-la. Resolvido a não cair no indiferentismo, inaugurou uma
classe bíblica para jovens que, como ele, desejavam orar e crescer na graça de
Deus. Visitavam diariamente os doentes e os pobres e, freqüentemente, os
prisioneiros nas cadeias, para orarem com eles e prestarem-lhes qualquer
serviço manual que pudessem. Jorge tinha no coração um plano que consistia em
preparar cem sermões e apresentar-se para ser separado para o ministério.
Porém quando havia preparado apenas um sermão, seu zelo era tanto, que a igreja
insistia em ordená-lo, tendo penas vinte e um anos apesar de ser regra não
aceitar ninguém para tal cargo, com menos de 23 anos.
O dia antes da sua separação para o ministério, passou-o em
jejum e oração. Acerca desse fato, ele escreveu: "À tarde, retirei-me para
um alto, perto da cidade, onde orei com instância durante duas horas, pedindo a
meu favor e também por aqueles que estavam para ser separados comigo. No
domingo, levantei-me de madrugada e orei sobre o assunto da epístola de Paulo a
Timóteo, especialmente sobre o preceito: 'Ninguém despreze a tua
mocidade'. Quando o ancião me impôs as suas mãos, se meu vil coração
não me engana, ofereci todo o meu espírito, alma e corpo para o serviço no
santuário de Deus... Posso testificar; perante os céus e a terra, que dei-me a
mim mesmo, quando o ancião me impôs as mãos, para ser um mártir por aquele que
foi pregado na cruz em meu lugar".
Os lábios de Whitefield foram tocados pelo fogo divino do
Espírito Santo na ocasião da sua separação para o ministério. No domingo
seguinte, naquela época de gelo espiritual, pregou pela primeira vez. Alguns
se queixaram de que quinze dos ouvintes enlouqueceram ao ouvirem o sermão. O
ancião, porém, compreendendo o que se passava, respondeu que seria muito bom,
se os quinze não se esquecessem da sua "loucura" antes de chegar o
outro domingo.
Whitefield nunca se esqueceu nem deixou de aplicar a si as
seguintes palavras do Doutor Delaney: "Desejo, todas as vezes que subir ao
púlpito, considerar essa oportunidade como a última que me é dada de pregar, e
a última dada ao povo de ouvir". Alguém assim escreveu sobre uma de suas
pregações: "Quase nunca pregava sem chorar e sei que as suas lágrimas eram
sinceras. Ouvi-o dizer: 'Vós me censurais porque choro. Mas, como posso
conter-me, quando não chorais por vós mesmos, apesar das vossas almas mortais estarem
a beira da destruição? Não sabeis se estais ouvindo o último sermão, ou não, ou
se jamais tereis outra oportunidade de chegar a Cristo!" Chorava, às
vezes, até parecer que estava morto e custava a recuperar as forças. Diz-se que
os corações da maioria dos ouvintes eram derretidos pelo calor intenso de seu
espírito, como prata na fornalha do refinador.
Quando estudante no colégio de Oxford, seu coração ardia de
zelo e pequenos grupos de alunos se reuniam no seu quarto, diariamente; eles
eram movidos, como os discípulos logo depois do derramamento do Espírito
Santo, no Pentecoste. O Espírito continuou a operar poderosamente nele e por
ele durante o resto da sua vida, porque nunca abandonou o costume de buscar a
presença de Deus. Dividia o dia em três partes: oito horas sozinho com Deus e
em estudos, oito horas para dormir e as refeições, oito horas para o trabalho
entre o povo. De joelhos, lia, e orava sobre as leituras das Escrituras e
recebia luz, vida e poder. Lemos que numa das suas visitas aos Estados Unidos,
"passou a maior parte da viagem a bordo, sozinho em oração". Alguém
escreveu sobre ele: "Seu coração encheu-se tanto dos céus que anelava por
um lugar onde pudesse agradecer a Deus; e sozinho, durante horas, chorava
comovido pelo amor consumidor do seu Senhor". Suas experiências no
ministério confirmavam a sua fé na doutrina do Espírito Santo, como o
Consolador ainda vivo, o poder de Deus operando atualmente entre nós.
A pregação de Jorge Whitefield era feita de forma tão vivida que
parecia quase sobrenatural. Conta-se que, certa vez pregando a alguns
marinheiros, descreveu um navio perdido num furacão. Tudo foi apresentado em
manifestações tão reais que, quando chegou ao ponto de descrever o barco
afundando, alguns marinheiros pularam dos assentos, gritando: "Às
baleeiras! Às baleeiras!". Em outro sermão falou acerca dum cego andando
na direção dum precipício desconhecido. A cena foi tão real que, quando o pregador
chegou ao ponto de descrever a chegada do cego à beira do profundo abismo, o
camareiro-mor, Chesterfield, que assistia, deu um pulo gritando: "Meu
Deus! ele desapareceu!"
O segredo, porém, da grande colheita de almas salvas não era a
sua maravilhosa voz nem a sua grande eloqüência. Não era também porque o povo
tivesse o coração aberto para receber o Evangelho, porque era tempo de grande
decadência espiritual entre os crentes.
Também não foi porque lhe faltasse oposição. Repetidas vezes
Whitefield pregou nos campos, porque as igrejas fecharam-lhe as portas. Às
vezes nem os hotéis queriam aceitá-lo como hóspede. Em Basingstoke foi agredido
a pauladas. Em Staffordshire atiraram-lhe torrões de terra. Em Moorfield
destruíram a mesa que lhe servia de púlpito e arremessaram contra ele o lixo da
feira. Em Evesham, as autoridades, antes de seu sermão, ameaçaram prendê-lo, se
pregasse. Em Exeter, enquanto pregava a dez mil pessoas, foi apedrejado de tal
forma que pensou haver chegado para ele a hora, como o ensangüentado Estevão,
de ser imediatamente chamado à presença do Mestre. Em outro lugar,
apedrejaram-no novamente, até ficar coberto de sangue. Verdadeiramente levava
no corpo, até a morte, as marcas de Jesus.
O segredo de tais frutos na sua pregação era o seu amor para com
Deus. Quando ainda muito novo, passava noites inteiras lendo a Bíblia, que
muito amava. Depois de se converter, teve a primeira daquelas experiências de
sentir-se arrebatado, ficando a sua alma inteiramente aberta, cheia,
purificada, iluminada da glória e levada a sacrificar-se, inteiramente, ao seu
Salvador. Desde então nunca mais foi indiferente em servir a Deus, mas
regozijava-se no alvo de trabalhar de toda a sua alma, e de todas as suas
forças, e de todo seu entendimento. Só achava interesse nos cultos e escreveu
para sua mãe que nunca mais voltaria ao seu emprego. Consagrou a vida
completamente a Cristo. E a manifestação exterior daquela vida nunca
excedia a sua realidade interior, portanto, nunca mostrou cansaço
nem diminuiu a marcha durante o resto de sua vida.
Apesar de tudo, ele escreveu: "A minha alma era seca como o
deserto. Sentia-me como encerrado dentro duma armadura de ferro. Não podia
ajoelhar-me sem estar tomado de grandes soluços e orava até ficar molhado de
suor... Só Deus sabe quantas noites fiquei prostrado, de cama, gemendo, por
causa do que sentia, e ordenando, em nome de Jesus, que Satanás se apartasse de
mim. Outras vezes passei dias e semanas inteiros prostrado em terra,
suplicando para ser liberto dos pensamentos diabólicos que me distraíam.
Interesse próprio, rebelião, orgulho e inveja me atormentavam, um após outro,
até que resolvi vencê-los ou morrer. Lutei até Deus me conceder vitória sobre
eles".
Jorge Whitefield considerava-se um peregrino errante
no mundo, procurando almas. Nasceu, criou-se e diplomou-se na Inglaterra.
Atravessou o Atlântico treze vezes. Visitou a Escócia quatorze vezes. Foi ao
País de Gales várias vezes. Visitou uma vez a Holanda. Passou quatro meses em
Portugal. Nas Bermudas, ganhou muitas almas para Cristo, como nos demais
lugares onde trabalhou.
Acerca do que sentiu em uma das viagens à colônia da Geórgia,
Whitefield escreveu: 'Foram-me concedidas manifestações extraordinárias do
alto. Cedo de manhã, ao meio-dia, ao anoitecer e à meia-noite, de fato durante
o dia inteiro, o amado Jesus me visitava para renovar-me o coração. Se certas
árvores perto de Stonehourse pudessem falar, contariam acerca da doce
comunhão, que eu e algumas almas amadas desfrutamos ali com Deus, sempre
bendito. Às vezes, quando de passeio, a minha alma fazia tais incursões pelas
regiões celestes, que parecia pronta a abandonar o corpo. Outras vezes
sentia-me tão vencido pela grandeza da majestade infinita de Deus, que me
prostrava em terra e entregava-lhe a alma, como um papel em branco, para Ele
escrever nela o que desejasse. De uma noite nunca me esquecerei. Relampejava
excessivamente. Eu pregara a muitas pessoas e algumas ficaram receosas de
voltar a casa. Senti-me dirigido a acompanhá-las e aproveitar o ensejo para as
animar a se prepararem para a vinda do Filho do homem. Oh! que gozo senti na
minha alma! Depois de voltar, enquanto alguns se levantavam das suas camas,
assombrados pelos relâmpagos que andavam pelo chão e brilhavam duma parte do
céu até outra, eu com mais um irmão ficamos no campo adorando, orando, exultando
ao nosso Deus e desejando a revelação de Jesus dos céus, uma chama de fogo!"
- Como se pode esperar outra coisa a não ser que as multidões, a
quem Whitefield pregava, fossem levadas a buscar a mesma Presença? Na sua
biografia há um grande número de exemplos como os seguintes: "Oh! quantas
lágrimas foram derramadas, com forte clamor, pelo amor do querido Senhor Jesus!
Alguns desmaiavam e quando recobravam as forças, ouviam e desmaiavam de novo.
Outros gritavam como quem sente a ânsia da morte. E depois de eu findar o
último discurso, eu mesmo senti-me tão vencido pelo amor de Deus que quase
fiquei sem vida. Contudo, por fim, revivi e, depois de me alimentar um pouco,
estava fortalecido bastante para viajar cerca de trinta quilômetros, até
Nottingham. No caminho, a alma alegrou-se cantando hinos. Chegamos quase à
meia-noite; depois de nos entregarmos a Deus em oração, deitamo-nos e descansamos
na proteção do querido Senhor Jesus. Oh! Senhor, jamais existiu amor como o
teu!"
Então Whitefield continuou, sem cansar: "No dia seguinte
em Fog's Manor, a concorrência aos cultos foi tão grande como em Nottingham. O
povo ficou tão quebrantado que, por todos os lados, vi pessoas banhadas em
lágrimas. A palavra era mais cortante que espada de dois gumes e os gritos e
gemidos alcançavam o coração mais endurecido. Alguns tinham semblantes pálidos
como a palidez de morte; outros torciam as mãos, cheios de angústia; ainda
outros foram prostrados ao chão, ao passo que outros caíam e eram aparados nos
braços de amigos. A maior parte do povo levantava os olhos para os céus,
clamando e pedindo a misericórdia de Deus. Eu, enquanto os contemplava, só
podia pensar em uma coisa: o grande dia. Pareciam pessoas acordadas pela última
trombeta, saindo dos seus túmulos para o juízo."
"O poder da presença divina nos acompanhou até Baskinridge,
onde os arrependidos choravam e os salvos oravam, lado a lado. O
indiferentismo de muitos transformou-se em assombro, e o assombro, depois, em
grande alegria. Alcançou todas as classes, idades e caracteres. A embriaguez
foi abandonada por aqueles que eram dominados por esse vício. Os que haviam
praticado qualquer ato de injustiça foram tomados de remorso. Os que tinham
furtado foram constrangidos a fazer restituição. Os vingativos pediram
perdão. Os pastores ficaram ligados ao seu povo por um vínculo mais forte de
compaixão. O culto doméstico foi iniciado nos lares. Os homens foram levados a
estudar a Palavra de Deus e a terem comunhão com o seu Pai, nos céus".
Mas não foi somente os países populosos que o povo afluiu para o
ouvir. Nos estados Unidos, quando eram ainda um país novo, ajuntaram-se
grandes multidões dos que moravam longe um do outro, nas florestas. O famoso
Benjamim Franklin, no seu jornal, assim noticiou essas reuniões:
"Quinta-feira o reverendo Whitefield partiu de nossa cidade, acompanhado
de cento e cinqüenta pessoas a cavalo, com destino a Chester, onde pregou a
sete mil ouvintes, mais ou menos. Sexta-feira pregou duas vezes em Willings
Town a quase cinco mil; no sábado, em Newcastle, pregou a cerca de duas mil e
quinhentas, e na tarde do mesmo dia, em Cristiana Bridge, pregou a quase três
mil; no domingo, em White Clay Creek, pregou duas vezes (descansando uma meia
hora entre os sermões a oito mil pessoas, das quais, cerca de três mil, tinha
vindo a cavalo. Choveu a maior parte do tempo, porém, todos se conservaram em
pé, ao ar livre".
Como Deus estendeu a sua mão para operar prodígios por meio de
seu servo, vê-se no seguinte: Num estrado perante a multidão, depois de alguns
momentos de oração em silêncio, Whitefield anunciou de maneira solene o texto:
"É ordenado aos homens que morram uma só vez, e depois disto vem o juízo".
Depois de curto silêncio, ouviu-se um grito de horror, vindo dum lugar entre a
multidão. Um pregador presente foi até o local da ocorrência, para saber o que
tinha acontecido. Logo voltou e disse: - "Irmão Whitefield, estamos entre
os mortos e os que estão morrendo. Uma alma imortal foi chamada à eternidade. O
anjo da destruição está passando sobre o auditório. Clame em alta voz e.não
cesse". Então foi anunciado ao povo que um dentre a multidão havia
morrido. Então Whitefield leu a segunda vez o mesmo texto: "É ordenado
aos homens que morram uma só vez". Do local onde a Senhora Huntington
estava em pé, veio outro grito agudo. De novo, um tremor de horror passou por
toda a multidão quando anunciaram que outra pessoa havia morrido. Whitefield,
porém, em vez de ficar tomado de pânico, como os demais, suplicou graça ao
Ajudador invisível e começou, com eloqüência tremenda, a prevenir os
impenitentes do perigo. Não devemos concluir, contudo, que ele era ou sempre
solene ou sempre veemente. Nunca houve quem experimentasse mais formas de
pregar do que ele.
Apesar da sua grande obra, não se pode acusar Whitefield de
procurar fama ou riquezas terrestres. Sentia fome e sede da simplicidade e
sinceridade divina. Dominava todos os seus interesses e os transformava para
glória do reino do seu Senhor. Não ajuntou ao redor de si os seus convertidos
para formar outra denominação, como alguns esperavam. Não, apenas dava todo o
seu ser, mas queria "mais línguas, mais corpos, mais almas a usar para o
Senhor Jesus".
A maior parte de suas viagens à América do Norte foram feitas a
favor do orfanato que fundara na colônia da Geórgia. Vivia na pobreza e
esforçava-se para granjear o necessário para o orfanato. Amava os órfãos
ternamente, escrevendo-lhes cartas e dirigindo-se a cada um pelo nome. Para
muitas dessas crianças, ele era o único pai, o único meio de elas terem o
sustento. Fez uma grande parte da sua obra evangelística entre os órfãos e
quase todos permaneceram crentes fiéis, sendo que um bom número deles se
tornaram ministros do Evangelho.
Whitefield não era de físico robusto: desde a mocidade sofria
quase constantemente, anelando, muitas vezes, partir e estar com Cristo. A
maior parte dos pregadores acham impossível pregar quando estão enfermos como
ele.
Assim foi que, aos 65 anos de idade, durante sua sétima viagem à
América do Norte, findou a sua carreira na Terra, uma vida escondida com
Cristo em Deus e derramada num sacrifício de amor pelos homens. No dia antes de
falecer, teve de esforçar-se para ficar em pé. Porém, ao levantar-se, em
Exeter, perante um auditório demasiado grande para caber em qualquer prédio, o
poder de Deus veio sobre ele e pregou, como de costume, durante duas horas. Um
dos que assistiram disse que "seu rosto brilhava como o sol". O fogo
aceso no seu coração no dia de oração e jejum, quando da sua separação para o
ministério, ardeu até dentro dos seus ossos e nunca se apagou (Jeremias
20.9).Certo homem eminente dissera a Whitefield: "Não espero que Deus
chame o irmão, breve, para o lar eterno, mas quando isso acontecer, regozijar-me-ei
ao ouvir o seu testemunho". O pregador respondeu: "Então ficará desapontado;
morrerei calado. A vontade de Deus é dar-me tantos ensejos para testificar
dele durante minha vida, que não me serão dados outros na hora da morte".
E sua morte ocorreu como predissera.Depois do sermão, em Exeter,
foi a Newburyport para passar a noite na casa do pastor. Ao subir para o quarto
de dormir, virou-se na escada e, com a vela na mão, proferiu uma curta mensagem
aos amigos que ali estavam e insistiam em que pregasse.
Às duas horas da madrugada acordou. Faltava-lhe o fôlego e
pronunciou para o seu companheiro as suas últimas palavras na Terra:
"Estou morrendo".
No seu enterro, os sinos das igrejas de Newburyport dobraram e
as bandeiras ficaram a meia-haste. Ministros de toda a parte vieram assistir
aos funerais; milhares de pessoas não conseguiram chegar perto da porta da
igreja, por causa da imensa multidão. Conforme seu pedido, foi enterrado sob o
púlpito da igreja.
Se quisermos os mesmos frutos de ver milhares salvos, como Jorge
Whitefield os teve, temos de seguir o seu exemplo de oração e dedicação.-
Alguém pensa que é tarefa demais? Que diria Jorge Whitefield, junto, agora, com
os que levou a Cristo, se lhe fizéssemos essa pergunta?
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