Os pioneiros Gunnar Vingren e Daniel
Berg
A longa Jornada.
Na gigantesca onda de imigrantes que, em fins do
século XIX e início do século XX, a sonhar com melhor futuro, deixaram a Suécia
em busca de emprego nos Estados Unidos, estavam dois jovens que jamais se
haviam encontrado em sua terra.
A Infância Cristã
O mais velho,
exemplar filho de crentes, aos 18 anos batizado em águas, teve como berço uma
localidade chamada Ostra Husby, em Ostergotland. O outro, também de família
evangélica (batista), viveu, igualmente, uma infância de verdadeiro cristão, e
com apenas 15 anos de idade se fez batizar. Seus nomes: Daniel e Gunnar.
Aquele, até o início da juventude residiu no torrão natal, Vargon ("Ilha
do Lobo"), onde lobos não havia; ao contrário, vivia-se cercado de bonança
por todos os lados - sem perspectivas, porém, de dias melhores.
Sem que eles, então,
nem de longe pressentissem qualquer sinal, ao conduzi-los ao outro continente,
a mão de Deus, desde cedo, começou a direcioná-los para inimagináveis pontos de
convergência. Nestes estava, inclusive, embora em segundo plano, um amigo de
infância de Daniel - Lewi Pethrus -, que lhe propiciou ter "o primeiro
contato com a obra pentecostal e sua mensagem". Pethrus viria ao Brasil,
pela primeira vez, quando a Obra de Deus iniciada pelos dois missionários passava
provavelmente pela sua maior crise, e ajudou a orientá-la nos rumos que a
levariam a ser - sob o aspecto numérico, pelo menos - a mais
importante comunidade pentecostal de todos os tempos.
Daniel Gustav Högber
nasceu e cresceu na cidade de Vargon na Suécia. A data de nascimento é 19 de
abril de 1884. Os pais de Berg, Gustav Verner Högberg e Fedrika Högberg, eram
membros da Igreja Batista. Berg foi batizado nas águas aos 15 anos de idade em
12 de fevereiro de 1899 juntamente com seu amigo de infância Lewi Petrus.
Mas devido a uma
crise financeiro que chegou a Suécia na época, Berg viajou para os EUA a bordo
do navio M.S.Romeu em 25 de março de 1902 na expectativa de uma vida melhor.
Trabalhou durante sete anos na América como fundidor.
Ao voltar à Suécia
para visitar seus pais, Berg encontrou seu amigo Lewi Petrus, agora pastor de
uma igreja avivada em Lidköping, e o desejo peja obra ardeu em seu coração. De
retorno aos EUA foi batizado com o Espírito Santo.
Em Chicago quando
participava de uma conferência bíblica, conheceu Gunnar Vingren. Em certa
ocasião, o Senhor falou ao seu coração que procurasse Vingren. Ele então foi a
South Bend no estado de Indiana onde contou a Vingren o que acontecia. Passaram
a orar juntos, foi quando Deus revelou sua vontade através de uma profecia
revelando o campo missionário no Pará.
Daniel Berg pediu
demissão, e seu patrão além de fazer o acerto do trabalho, ainda lhe deu uma
bolacha e uma banana. Isso simbolizava o desejo de não faltar suprimentos ao
amigo, era uma tradição americana.
Berg chegou solteiro
ao Pará no vigar da juventude aos 26 anos de idade e permaneceu solteiro até
1920. Deus sempre chama a juventude comprometida para a sua obra. Foi assim com
José, Davi, Samuel etc. De volta para visitar a Suécia, conheceu uma linda Jovem,
Sara Ber, e se casou com ela em 31 de julho daquele ano, e vieram morar no
Brasil em 21 de março de 1921. O senhor lhes concedeu David e Deborah. O
administrador do blog Alerta Final conheceu David pela primeira vez em Belém
Pará. Em outras ocasiões aqui no Grande Templo em Cuiabá.
Daniel Berg foi
homem de coragem. Deixando o desenvolvimento da Europa, e desbravando a
Amazônia, enfrentando enchentes, rios, cachoeiras a bordo de perigosa canoas e
barcos. Andavam a pé, correndo perigo de feras, doenças como a febre amarela,
malária e outras. Mas foi assim com Paulo e com todos que tem uma chamada para
fazer a obra de Deus. Este é o verdadeiro significado do viver da obra.
Trabalhando na
Companhia Port of Pará (hoje Companhia Dorcas do Pará) trabalhava para pagar as
aulas de português que Vingren estudava. Enquanto ele trabalhava, Vingren
estudava, e à noite Vingren ensinava o português a Berg. Com o restante do
salário, Berg importava literaturas dos EUA, e distribuía Bíblias em português
aos paraenses. Poucas pessoas sabiam ler, mas Berg visitava casa por casa, as
famílias em todos os bairros e ruas.
Daniel Berg foi um
homem de coragem, andando pelas ilhas, carregando suas duas malas, uma com suas
roupas e outra cheia de bíblias para evangelizar. A estrada de ferra de 400 km,
muitas vezes fez este percurso a pé. A ponto de seus pés incharem. Numa de suas
viagens pelos rios, estava em uma canoa quando de repente ela foi envolvida por
um redemoinho, e naufragou. Berg nadou entre os jacarés para sair da água. Até
no hospital quando doente, ele distribuía folhetos. Em 1963 andava
evangelizando no hospital onde estava internado mesmo com a saúde frágil, e os
cuidados da enfermeira que insistia que ele parasse.
Daniel foi um homem
simples e humilde, quando vinham as lutas e tribulações, apenas glorificava a
Deus. Caminhando pelas ruas de Belém, enchia os bolsos de manga, e ia chupando
mangas pelas ruas. Mudou-se para Vitória (ES) em 24 de Janeiro de 1922. Na
comemoração dos 50 anos da Assembleia de Deus, Jubileu de Ouro, esteve em Belém
para as celebrações. Foi condecorado pelo Pastor Paulo Leivas Macalão no
Maracanãzinho com uma medalha de ouro. Mas a glória dava à Deus o dono da obra.
Berg não recebeu os
cuidados e as honras que merecia. O próprio irmão Adriano Nobre reconheceu isto
quando escreveu na extinta Revista Seara. Berg e sua família voltaram
definitivamente para a Suécia em 1962. O Senhor recolheu Berg para o paraíso no
dia 28 de maio de 1963, quando Berg tinha 79 anos. Na Suécia, onde estão seus
parentes sepultados, ali também está Daniel Berg, que partiu feliz, e com a
certeza da salvação.
Hoje perto do aniversário de 100 anos da igreja,
ela se tornou grande e poderosa pelo Senhor Jesus Cristo. Registrados na CGADB
há mais ou menos 40 mil pastores escritos. Hoje os membros são contados em
milhões de pessoas. Mas ainda precisamos fazer muito tomando oexemplo de Berg.
A nação vive afundada no pecado, idolatria, corrupção, vícios e outras mazelas
sociais, e acima de tudo espiritual. Precisamos mergulhar de volta no
ministério da evangelização
A Terra Natal
Em suas memórias,
Daniel, que sempre nutriu acendrado amor por sua terra retrata o cenário da
infância: "... para mim, Vargon é um desses lugares mais lindos da
Suécia"; e tenta consertar o seu arroubo:"... sem que vá nesta
declaração qualquer manifestação de bairrismo..."Ele continua, a enforcar
seu berço, como o fazia saudoso, no Brasil, sem permitir porém que o apego às
suas raízes interferisse na grande chamada: "Vargon tem a um lado o lago
Varnern, do qual a cidade mais próxima, Vanersborg, tomou o nome. Do outro lado
estão situadas as montanhas Hunnebeg e Halleberg, lugares prediletos dos reis
da Suécia para realizar caçadas. Nós, as crianças, durante o verão e o outono,
passávamos todas as horas de férias nessas montanhas, contemplando as fontes
abundantes e os lagos cristalinos." Quão diverso, esse cenário, daquele em
que, sob as mais duras provações, iria ser protagonista de um acontecimento que
viria a comover milhões de brasileiros!
Daniel embarcou, a 5
de março de 1902, em Gotemburgo, rumo aos Estados Unidos, em sua primeira
viagem marítima, a que muitas outras se seguiriam, como obreiro do Senhor. O
dia estava frio e o "Romero" começou a afastar-se do ponto.
"Mesmo que eu me arrependesse de haver embarcado", recorda o sueco apegado
ao seu país, "já era tarde para mudar de idéia." Procurava
tranqüilizar-se: "Pensei, então, comigo mesmo, que não veria a primavera
sueca naquele ano, quiçá, nem no ano seguinte. Sabia, isso sim, que ao iniciar
a primavera, eu estaria no país dos grandes sonhos e esperanças, a América do
Norte. Na América também havia primavera, e, pensei, talvez seja igual na
Suécia."
O porto do desembarque era Yorkshire, na embocadura
do rio Hull, onde a cidade do mesmo nome vinha a ser uma das mais importantes
da Inglaterra. Depois de breve permanência em Hull, Daniel rumaria a Liverpool,
então a quarta cidade da Inglaterra em população, de onde embarcou, a 11 de
março, com destino aos Estados Unidos. Era a velha cidade de Boston,
arquitetonicamente e sob o aspecto urbanístico bem britânica, que se lhe
descortinava, dias depois de deixar o Velho Mundo. Logo, estaria em Providence,
Estado de Rhode Island, onde, com a ajuda de amigos, obteve emprego em uma
fazenda.
DANIEL BERG
(1884–1963)
Missionário,
evangelista, pastor e fundador das Assembleias de Deus no Brasil. Nasceu em 19
de abril de 1884, na pequena cidade de Vargön, na Suécia, às margens do lago de
Vernern. Quando recém-nascido, o padre da cidade visitou inúmeras vezes a casa
de seus pais para convencê-los a batizá-lo, mas nada conseguiu. Por isso, desde
criança, Daniel era mal visto pelo padre, que, desprestigiado, passou a dizer
que a criança que não fosse batizada por ele jamais sairia de Vargön. “Já
naquele tempo pude observar a desvantagem e o perigo de o povo ter uma fé dirigida,
sem liberdade. A religião que dominava minha cidadezinha e arredores
impossibilitava as almas de terem um encontro com o Salvador”, conta o pioneiro
em suas memórias.
Quando o evangelho
começou a entrar nos lares de Vargön, seus pais, Gustav Verner Högberg e
Fredrika Högberg, o receberam e ingressaram na Igreja Batista. Logo procuraram
educar o filho segundo os princípios cristãos. Em 1899, quando contava 15 anos
de idade, Daniel converteu-se e foi batizado nas águas na Igreja Batista de
Ranum.
Em 1902, aos 18
anos, pouco antes do início da primavera nórdica, deixou seu país. Embarcou a 5
de março de 1902, no porto báltico de Gothemburgo, no navio M.S. Romeu, com
destino aos Estados Unidos. “Como tantos outros haviam feito antes de mim”,
frisava. O motivo foi a grande depressão financeira que dominara a Suécia
naquele ano.
Em 25 de março de
1902, Daniel desembarcou em Boston. No Novo Mundo, sonhava, como tantos outros
de sua época, em realizar-se profissionalmente. Mas Deus tinha um plano
diferente e especial para sua vida.
De Boston, viajou
para Providence, Rhode Island, para se encontrar com amigos suecos, que lhe
conseguiram um emprego numa fazenda. Permaneceu nos Estados Unidos por sete
anos, onde se especializou como fundidor. Com saudades do lar, retornou à
cidade natal, onde o tempo parecia parado. Nada havia se modificado. Só Lewi
Pethrus*, seu melhor amigo, companheiro de infância, não morava mais ali. “Vive
em uma cidade próxima, onde prega o evangelho”, explicou sua mãe.
Logo chegou a seu
conhecimento que seu amigo recebera o batismo no Espírito Santo, coisa nova
para sua família. A mãe do amigo insistiu para que Daniel o visitasse. Aceitou
o convite. No caminho, estudou as passagens bíblicas onde se baseava a “nova
doutrina”.
Chegando à igreja do
amigo Lewi Pethrus (Igreja Batista de Lidköping), encontrou-o pregando. Sentou
e prestou atenção na mensagem. Após o culto, conversaram longamente sobre a
nova doutrina. Daniel demonstrou ser favorável. Em seguida, despediu de seus
pais e partiu, pois sua intenção não era permanecer na Suécia, mas retornar à
América do Norte.
Em 1909, em meio à
viagem de retorno aos Estados Unidos, Daniel orou com insistência a Deus,
pedindo o batismo no Espírito Santo. Como não estava preocupado como da
primeira vez, posto que já conhecia os EUA, canalizou toda a sua atenção à
busca da bênção.
Ao aproximar-se das
plagas norte-americanas, sua oração foi respondida. A partir de então, sua vida
mudou. Daniel passou a pregar mais a Palavra de Deus e a contar seu testemunho
a todos.
Ainda em 1909, por
ocasião de uma conferência em Chicago, Daniel encontrou-se com o pastor batista
Gunnar Vingren, que também fora batizado no Espírito Santo. Os dois conversaram
horas sobre as convicções que tinham. Uma delas é que tanto um como o outro
acreditava que tinham uma chamada missionária. Quanto mais dialogavam, mais
suas chamadas eram fortalecidas.
Quando Vingren
estava em South Bend, Daniel Berg estava trabalhando em uma quitanda em Chicago
quando o Espírito Santo mandou que se mudasse para South Bend. Berg abandonou
seu emprego e foi até lá, onde encontrou Vingren pastoreando a igreja Batista
dali. “Irmão Gunnar, Jesus ordenou-me que eu viesse me encontrar com o irmão
para juntos louvarmos o seu nome”, disse Berg. “Está bem!”, respondeu Vingren
com singeleza. Passaram, então, a encontrar-se diariamente para estudarem as
Escrituras e orarem juntos, esperando uma orientação de Deus.
Após a revelação
divina dada ao irmão Olof Uldin de que o lugar para onde deveriam ir era o
Pará, no Brasil, Daniel Berg, contra a vontade dos seus patrões, abandonou o
emprego. Eles argumentaram: “Aqui você pode pregar o Evangelho também, Daniel;
não precisa sair de Chicago”. Mas ele estava convicto da chamada e não voltou
atrás.
Ao se despedir, Berg
recebeu de seu patrão uma bolacha e uma banana. Essa era uma tradição antiga
nos Estados Unidos. Simbolizava o desejo de que jamais faltasse alimento para a
pessoa que recebesse a oferta.
Esse gesto serviu de
consolo para Berg, que em seguida partiu com Vingren para Nova Iorque, e de lá
para o Brasil em um navio.
No Pará, Daniel, com
26 anos de idade, logo se empregou como caldereiro e fundidor na Companhia Port
of Pará, recebendo salário mensal de 12 mil réis, passou a custear as aulas de
português ministradas a Vingren por um professor particular. No fim do dia, Vingren
ensinava o que aprendera a Daniel. Justamente por isso, Berg nunca aprendeu bem
a língua portuguesa. O dinheiro que sobrava era usado na compra de Bíblias nos
Estados Unidos.
Tão logo começou a
se fazer entender na língua portuguesa, passou a evangelizar nas cidades e
vilas ao longo da Estrada de Ferro Belém-Bragança, enquanto Vingren cuidava do
trabalho recém-nascido na capital. Como o evangelho era praticamente
desconhecido no interior do Pará, Berg se tornou o pioneiro da evangelização na
região. É que as igrejas evangélicas existentes na época não tinham recursos
suficientes para promover a evangelização no interior.
Após a evangelização
de Bragança, tornou-se também o pioneiro na evangelização da Ilha de Marajó,
onde peregrinou por muitos anos, a bordo de pequenas e grandes canoas. Berg ia
de ilha em ilha, levando a mensagem bíblica aos pequenos grupos evangélicos que
iam se formando por onde passava.
No início de 1920,
Daniel visitou a Suécia, onde se enamorou com a jovem Sara, com quem se casou
em 31 de julho daquele ano. Em março de 1921, retornou ao Brasil, acompanhado
por sua esposa. O casal teve dois filhos: David e Débora.
Em 1922, seguiu para
Vitória (ES) para estabelecer a Assembleia de Deus naquela capital,
permanecendo até 1924, quando foi para Santos fundar a AD no Estado de São
Paulo. Em 1927, o casal Berg mudou-se para a capital São Paulo, onde Daniel
continuou fazendo seu trabalho de evangelismo até 1930.
Depois de um período
de descanso, seguiu para a obra missionária em Portugal, entre os anos
1932-1936, na cidade de Porto. Após passar pela Suécia, retornou ao Brasil, em
11 de maio de 1949. Permaneceu na cidade de Santo André (SP) até 1962, quando
retornou definitivamente para a Suécia.
Daniel Berg sempre
foi muito humilde e simples. Em suas pregações e diálogos, sempre demonstrou
essas virtudes. Ninguém o via irritado ou desanimado. Sempre que surgia algum
problema, estas eram suas palavras: “Jesus é bom. Glória a Jesus! Aleluia!
Jesus é muito bom. Ele salva, batiza no Espírito Santo e cura os enfermos. Ele
faz tudo por nós. Glória a Jesus! Aleluia!”.
No Jubileu de Ouro
das Assembleias de Deus no Brasil, comemorado em Belém, Berg estava lá,
inalterado, enquanto os irmãos faziam referência a sua atuação no início da
obra. Para ele, a glória era única e exclusivamente para Jesus. Berg
considerava-se apenas um instrumento de Deus.
Nas comemorações do
Jubileu no Rio de Janeiro, no Maracanãzinho, quando pastor Paulo Leivas Macalão
colocou em sua lapela uma medalha de ouro, Berg externou visivelmente em seu
rosto a ideia de que não merecia tal honraria.
Até 1960, Berg
recebeu, diretamente de Deus, a cura de suas enfermidades mediante a oração da
fé. Mas, a respeito de suas condições de vida nos seus anos finais, pode-se
inferir que não tinha o amparo que merecia. A esse respeito, o pioneiro Adrião
Nobre protestou na revista A Seara, edição de novembro-dezembro de 1957, p. 32:
“O irmão Berg reside em São Paulo (cidade de Santo André). Não sei como ele
vive ultimamente; tive, contudo, notícias desagradáveis com relação à sua
condição de vida – não tem, segundo soube, o descanso que merece, nem o
conforto que lhe devemos proporcionar. Irmãos, não sejamos injustos,
lembremo-nos de auxiliar o tão amado pioneiro da obra pentecostal no Brasil”.
Em 1963, foi
hospitalizado na Suécia. Mesmo assim, ainda trabalhava para o Senhor. Ele saía
da enfermaria para distribuir folhetos e orar pelos que se decidiam. A
disciplina interna do hospital não lhe permitia fazer esse trabalho, por isso
uma enfermeira foi designada para impor-lhe a proibição. Porém, ao deparar-se
com o homem de Deus alquebrado pelo peso dos anos, mas vigoroso em sua tarefa
espiritual, não teve coragem e desistiu da tarefa. Berg, então, continuou a
oferecer literaturas.
Finalmente, em 27 de
maio de 1963, aos 79 anos, Daniel Berg morreu. Sua esposa, Sara, faleceu em 11
de abril de 1981.
Fontes: BERG,
Daniel. Enviado por Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 8ª edição, 2000, 208 pp;
VINGREN, Ivar. O diário do pioneiro – Gunnar Vingren. Rio de Janeiro: CPAD, 1ª
edição, 1973, 222 pp; CONDE, Emílio. História das Assembleias de Deus no
Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 1ª edição, 2000. pp. 19- 50; Ivar Vingren skriver
om svensk pingstmission i Brasilien - Från missionsInstitutes serie av missionärsberättelser
(Ivar Vingren escreve sobre a missão pentecostal sueca no Brasil - Da série de
relatos de missionários do Instituto de Missões). Suécia, 1994, pp. 20-27;
DESPERTAMENTO apostólico no Brasil. Tradução: Ivar Vingren. Rio de Janeiro:
CPAD, 1987, pp. 7-44; VINGREN, Ivar. Det började i Pará - Svensk Pingstmission
i Brasilien (Tudo começou no Pará - missão pentecostal sueca no Brasil). Ekrö,
Suécia: MissionsInstitutet-PMU, 1994, pp. 28-34; Boa Semente, Belém (PA),
setembro 1930, p. 5; Mensageiro da Paz, CPAD, setembro 1999; janeiro 1997;
dezembro 1985; junho 1980; março 1980; agosto 1936, p. 5, 1a quinzena; julho
1936, p. 7, 2a quinzena; fevereiro 1933, p. 7, 2a quinzena; julho 1963 p. 1 2a
quinzena; novembro 1933, p. 6, 2a quinzena; novembro 1989, p. 12; setembro
1981; Obreiro, CPAD, jan-mar 1979, pp.42-45; A Seara, CPAD, janeiro 1957, pp.
23-26, 36; julho 1963, pp. 4, 5.
Vingren nos EUA
Gunnar Vingren
viajou para Gotemburgo em meados de 1903. No dia 30 de junho tomava o vapor que
o levaria à mesma cidade de Hull, por onde no ano anterior passara Daniel. E
não se tratava de mera coincidência. Era a mão de Deus dando
continuidade aos mais altos desígnios. De trem continuou até liverpool e,
novamente, por via marítima prosseguiu em sua jornada até Boston. Mas precisou
viajar mais, com destino à casa do seu tio Carl, residente em Kansas City, onde
chegou em 19 de novembro, após dezenove dias de viagem.
Logo, Gunnar
conseguiu empregar-se, até o verão, como foguista em Greenhouse. No inverno,
viria a trabalhar como porteiro de uma loja e jardineiro. Na condição de
estrangeiro, sobravam-lhe, como sempre acontece, as ocupações mais modestas. Em
fevereiro de 1904, ei-lo a caminho de outro endereço, em busca de seu
ganha-pão: a cidade de St. Louis, onde passou a trabalhar no Jardim Botânico.
A "Chamada
Equivocada"
Um tio de Gunnar
Vingren havia sido missionário na China; e ele começou a cogitar de tomar
o mesmo destino. Mas o Senhor falou-lhe ao coração, demovendo-o daquele
propósito. Uma vez batizado no Espírito Santo, Gunnar iria sentir-se em plena
sintonia com os recados de Deus. Ele fez o curso teológico em Chicago, no
Seminário Batista Sueco, de setembro de 1904 a 1909. A isso fora exortado,
quando pertencia à Igreja Batista. Nesse período, como estagiário, pregava em
vários lugares: na Primeira Igreja Batista em Chicago, Michigan, em Sycamore,
Illinois; Blue Island. Nos últimos estágios pastoreou a igreja em Mountaim,
Michigan. Estava intelectualmente preparado, adquirira alguma experiência
pastoral, mas ainda carecia de algo para estar pronto.
Ao resisitir, por fim, à determinação dos ministros
quanto à sua viagem para a China - pois o que lhe ia no coração nada tinha a
ver com o multissecular país - sérias consequências o envolveram. Foi-se-lhe
inclusive a noiva, que aspirava acompanhá-lo ao Oriente e, desatendida, optou
pelo rompimento do compromisso...
De volta à Suécia
As saudades da
família, de sua bucólica Vargon, falaram a Daniel tão fortemente que um dia, em
1908, regressou. Embora pudesse parecer estranho esse capítulo de sua história,
um retrocesso, mais uma vez era o Senhor articulando todos os seus passos.
Informado do destino de seu amigo Lewi Pethrus,
desejou Daniel viajar ao seu encontro. Pethrus, que vivia numa cidade próxima,
onde pregava o Evangelho, falou-lhe das doutrinas pentecostais. No regresso aos
EUA, em 1909, Daniel recebeu o batismo no Espírito Santo.
O grande Avivamento
Era tempo de um
grande avivamento nos Estados Unidos, exatamente o país onde Daniel havia
estado e aonde agora retornava. Em muitas igrejas tradicionais, crescia o
número dos que recebiam a promessa pentecostal. A princípio, eles não se
afastavam de suas comunidades, mas começaram a ter encontros em que, com maior
liberdade, ouvia-se sobre o Evangelho Pleno, viam-se e ouviam-se homens,
mulheres e crianças a falar em línguas, a receberem a cura divina. Muitos
outros buscavam, e também recebiam o que Jesus prometera antes de sua ascensão.
Em 1854, a chama pentecostal havia crepitado mais
fortemente na Nova Inglaterra (Bostom e adjacências); em 1892, na cidade de
Moarehead; em 1903, em Galena, Kansas; em Orchard e Houstok, nos anos de 1904 e
1905. Tão perto do Pentecoste, no entanto ele precisou atravessar o oceano para
encontrá-lo...
Sintonia com Deus
Após uma semana
convencional, o poder de Deus envolveu a Vingren, extraordinariamente. Mais
tarde, pôde entender o que o Espírito Santo desejava dizer-lhe: uma irmã
com o dom de interpretação de línguas foi usada pelo Senhor para dar-lhe
ciência de que antes de seguir ao campo missionário, deveria ser revestido de
poder. Em novembro do mesmo ano (1909), recebeu o revestimento de poder.
Agora, Daniel e Gunnar tinham alguma coisa mais em
comum, além da condição de patrícios, servos do Senhor e imigrantes no mesmo
país. Com apenas um ano de diferença, eram ambos batizados no Espírito
Santo, falavam línguas estranhas.
UNIDOS POR DEUS
Passos Convergentes
Faltava pouco,
agora, para o encontro. E isto aconteceu também em 1909, em Chicago, como
participantes de uma conferência.
Depois de longo
diálogo, em que cada vez mais se identificavam e se compenetravam da chamada de
Deus, passaram a orar diariamente, em busca de completa orientação do Alto.
Um Nome no Sonho:
Pará
Alguns dias se
passaram, até quando um crente batizado no Espírito Santo, chamado Adolfo Uldin,
narrou-lhes um sonho, em que os dois amigos eram personagens, e em que lhe
aparecera, bem legível, um nome muito estranho: Pará. Uldin jamais lera ou
ouvira tal palavra. Mas, entendeu tratrar-se de um lugar. Daniel e Vingren
compreenderam que era a resposta de Deus às suas muitas orações. No dia
segunite, dirigiram-se a uma biblioteca, a fim de consultar os mapas. Ao
verificarem a distância do país em que ficava o Pará, chegaram a ser abalados
pelas dúvidas, mas após uma semana de oração convenceram-se quanto ao destino a
tomar.
A decisão se tornara irreversível. E Deus continuou
a dispor marcos no caminhoo dos suecos para que pudessem comprovar a certeza da
vontade divina em suas vidas.
A provisão do Senhor
O dinheiro de que
dispunham era muito pouco, mas significava mais um indicativo dos rumos a serem
tomados: noventa dólares - o preço da passagem até o longínquo país onde havia
um lugar chamado Pará. Mas, eis que, com novo teste, Deus voltava a
desafiar-lhes a fé: o Senhor ordenava a Vingren doar os noventa dólares
ao jornal da igreja do pr. Durham. E Daniel concordou. Eles o visitavam em
Chicago, em busca de alguma contribuição para a viagem, "mas",
recorda Daniel, "os irmãos não se mostraram muito entusiasmados.
Mencionaram dificuldades de clima e predisseram que voltaríamos sem demora. Por
isso, não nos garantiram qualquer sustento". Durham limitara-se
separá-los para a missão no Brasil.
Em outra igreja da
mesma cidade, em um culto de despedida, o pr. B. M. Johnsom - que viria a
ajudá-los, quando no Brasil, nos momentos mais difíceis - também nada pôde
fazer por eles, mas deixou a congregação à vontade. Caso essa oferta poderiam
chegar até Nova York.
Prosseguiram viagem e, numa parada, depararam-se
com um amigo de Vingren, que foi logo dizendo:
O Dedo de Deus
"Sabe, irmão
Vingren, sonhei com você esta noite, e Deus me falou que eu lhe deveria dar
noventa dólares. Hoje de manhã pus o dinheiro em um envelope para
remetê-lo...Agora não preciso pagar a remessa". Mais um sinal no caminho:
o Senhor lhes falava de modo inusitado, mas quão claramente lhes falava! O dedo
de Deus era quase visível.
Uma vez em Nova York, logo começaram a buscar, nas
companhias marítimas, suas duas passagens para o dia 5 de novembro. Não tinham
dúvidas; a data era exatamente aquela.
Outro Sinal
Em South Band, o
Senhor lhes havia dito tudo a respeito, pormenorizadamente. Porém, tantos foram
consultados quantos negaram haver partida para 5 de novembro. Finalmente,
encontraram um navio inglês que se achava em reparos, não constante das listagens.
E o navio, o "Clement", começou a singrar, naquele dia prenunciado,
em direção a Belém do Pará.
O dinheiro disponível era suficiente, mas dava
apenas para a terceira classe, onde nem sequer mesas e cadeiras existiam. Eram
compelidos a viajar no convés, sentados em tonéis, "mas sentíamos o poder
de Deus sobre nós ali, e louvávamos ao Senhor, e Ele nos falava dizendo que ia
junto conosco e que nos abriria as portas", conta Daniel, "o que
alegrava os nossos corações maravilhosamente".
Conversão sobre o Mar
Durante a viagem, um jovem complexado, carrancudo,
muito infeliz, pensava em suicidar-se, quando Daniel lhe dirigiu a palavra, e
perguntou: "Você tem fé em Deus?" "Quem é Deus?", veio a
indagação. A mensagem do missionário tocou-lhe profudamente o coração, ele se
pôs a chorar, e aceitou a Cristo como Salvador.
A Chegada ao Brasil
A chegada ocorreu a
19 de novembro de 1910. Tudo era estranhíssimo para os dois suecos. As pessoas
malvestidas, os leprosos a desfilar seus corpos mutilados, apresentando
pungente espetáculo pelas ruas. Mas o Senhor de fato os enviara, e aqui estava
para guardá-los do contágio e, logo, das agressões, ofensas e ameaças. Alguns
dos alegres passageiros que com eles chegaram ao porto de Belém nunca imaginaram
que viriam a ser infectados, e logo depois teriam seus nomes no rol
dos mortos.
No modesto hotel
(onde por um dia se hospedaram) consumiram os seus pobres 16 mil réis. Com
níqueis restantes, iriam de bonde, no dia seguinte, em busca da residência do
pastor metodista Justo Nelson, diretor do jornal que, "casualmente",
chegara às mãos de Vingren no quarto onde se haviam hospedado. Para surpresa
deles, tratava-se de um conhecido de Vingren, nos Estados Unidos.
Separados para as
missões por uma igreja batista, nada mais natural do que encaminhá-los aos
irmãos da mesma fé, o que se fez.
No dia seguinte, foram muito bem recebidos pelo
missionário Erik Nelson. Este, como eles de nacionalidade sueca, convidou-os a
cooperarem no trabalho. E ofereceu-lhes o porão da igeja, onde se alojaram.
Outros Missionários no Brasil
Ao longo dos anos,
outros missionários foram chegando. Procediam, principalmente, da Suécia e dos
Estados Unidos. O terceiro foi Otto Nelson, em 1914. Seguiram-no: Samuel
Nyström (1916) e Samuel Hedlund (1921). Todos dos EUA, chegaram em março de
1921: Nels Nelson, Ana Carlson, Beda Palha, Gay de Vris, Augusto Anderson,
Ester Anderson, Vitor Johson e Elizabeth Johnson. Em seguida: Gustavo Nordlund,
Herberto Nordlund e Simão Lundgren, os três em 1924. Joel Carlson veio em 1925.
Orlando Boyer, enviado pela missão da Igreja de Cristo, unindo-se mais tarde à
Assembléia de Deus, veio em 1927. Em 1928, chegavam Nils Kastberg e Algot
Svenson. Eurico Aldor Peters desembarcou no Brasil em 1933. Depois destes, Nels
Lawrence Olson (1938) e Nils Taranger (1946). Em 1948 vieram Eurico Bergstem e
John Peter Kolenda. Carlos Hultgren chegou em 1950. Bernhard Johnson Jr., que
já estivera no Brasil na infância, retornou em 1957. As fontes consultadas não
dispõem das datas em que pisaram o solo brasileiro os missionários Anders
Johnson, Walter Goodband e Erna Miller, mas estes já estavam aqui em 1934.
Outros deram sua contribuição à evangelização dos brasileiros, como John Aenis,
Albert Widner, Guilherme Treffut, Victor Jansson, Simão Sjögren, Nina Englund,
Horace S. Ward, Albert Widmer, Cecilia e Anderson Johansson.
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