segunda-feira, 17 de novembro de 2014

BIOGRAFIA DANIEL BERG

                         
              Os pioneiros Gunnar Vingren e Daniel Berg
                                    A longa Jornada.

Na gigantesca onda de imigrantes que, em fins do século XIX e início do século XX, a sonhar com melhor futuro, deixaram a Suécia em busca de emprego nos Estados Unidos, estavam dois jovens que jamais se haviam encontrado em sua terra.
A Infância Cristã
O mais velho, exemplar filho de crentes, aos 18 anos batizado em águas, teve como berço uma localidade chamada Ostra Husby, em Ostergotland. O outro, também de família evangélica (batista), viveu, igualmente, uma infância de verdadeiro cristão, e com apenas 15 anos de idade se fez batizar. Seus nomes: Daniel e Gunnar. Aquele, até o início da juventude residiu no torrão natal, Vargon ("Ilha do Lobo"), onde lobos não havia; ao contrário, vivia-se cercado de bonança por todos os lados - sem perspectivas, porém, de dias melhores.
Sem que eles, então, nem de longe pressentissem qualquer sinal, ao conduzi-los ao outro continente, a mão de Deus, desde cedo, começou a direcioná-los para inimagináveis pontos de convergência. Nestes estava, inclusive, embora em segundo plano, um amigo de infância de Daniel - Lewi Pethrus -, que lhe propiciou ter "o primeiro contato com a obra pentecostal e sua mensagem". Pethrus viria ao Brasil, pela primeira vez, quando a Obra de Deus iniciada pelos dois missionários passava provavelmente pela sua maior crise, e ajudou a orientá-la nos rumos que a levariam a ser -   sob o aspecto numérico, pelo menos - a mais importante comunidade pentecostal de todos os tempos.
Daniel Gustav Högber nasceu e cresceu na cidade de Vargon na Suécia. A data de nascimento é 19 de abril de 1884. Os pais de Berg, Gustav Verner Högberg e Fedrika Högberg, eram membros da Igreja Batista. Berg foi batizado nas águas aos 15 anos de idade em 12 de fevereiro de 1899 juntamente com seu amigo de infância Lewi Petrus.
Mas devido a uma crise financeiro que chegou a Suécia na época, Berg viajou para os EUA a bordo do navio M.S.Romeu em 25 de março de 1902 na expectativa de uma vida melhor. Trabalhou durante sete anos na América como fundidor.
Ao voltar à Suécia para visitar seus pais, Berg encontrou seu amigo Lewi Petrus, agora pastor de uma igreja avivada em Lidköping, e o desejo peja obra ardeu em seu coração. De retorno aos EUA foi batizado com o Espírito Santo.
Em Chicago quando participava de uma conferência bíblica, conheceu Gunnar Vingren. Em certa ocasião, o Senhor falou ao seu coração que procurasse Vingren. Ele então foi a South Bend no estado de Indiana onde contou a Vingren o que acontecia. Passaram a orar juntos, foi quando Deus revelou sua vontade através de uma profecia revelando o campo missionário no Pará.
Daniel Berg pediu demissão, e seu patrão além de fazer o acerto do trabalho, ainda lhe deu uma bolacha e uma banana. Isso simbolizava o desejo de não faltar suprimentos ao amigo, era uma tradição americana.
Berg chegou solteiro ao Pará no vigar da juventude aos 26 anos de idade e permaneceu solteiro até 1920. Deus sempre chama a juventude comprometida para a sua obra. Foi assim com José, Davi, Samuel etc. De volta para visitar a Suécia, conheceu uma linda Jovem, Sara Ber, e se casou com ela em 31 de julho daquele ano, e vieram morar no Brasil em 21 de março de 1921. O senhor lhes concedeu David e Deborah. O administrador do blog Alerta Final conheceu David pela primeira vez em Belém Pará. Em outras ocasiões aqui no Grande Templo em Cuiabá.
Daniel Berg foi homem de coragem. Deixando o desenvolvimento da Europa, e desbravando a Amazônia, enfrentando enchentes, rios, cachoeiras a bordo de perigosa canoas e barcos. Andavam a pé, correndo perigo de feras, doenças como a febre amarela, malária e outras. Mas foi assim com Paulo e com todos que tem uma chamada para fazer a obra de Deus. Este é o verdadeiro significado do viver da obra.
Trabalhando na Companhia Port of Pará (hoje Companhia Dorcas do Pará) trabalhava para pagar as aulas de português que Vingren estudava. Enquanto ele trabalhava, Vingren estudava, e à noite Vingren ensinava o português a Berg. Com o restante do salário, Berg importava literaturas dos EUA, e distribuía Bíblias em português aos paraenses. Poucas pessoas sabiam ler, mas Berg visitava casa por casa, as famílias em todos os bairros e ruas.
Daniel Berg foi um homem de coragem, andando pelas ilhas, carregando suas duas malas, uma com suas roupas e outra cheia de bíblias para evangelizar. A estrada de ferra de 400 km, muitas vezes fez este percurso a pé. A ponto de seus pés incharem. Numa de suas viagens pelos rios, estava em uma canoa quando de repente ela foi envolvida por um redemoinho, e naufragou. Berg nadou entre os jacarés para sair da água. Até no hospital quando doente, ele distribuía folhetos. Em 1963 andava evangelizando no hospital onde estava internado mesmo com a saúde frágil, e os cuidados da enfermeira que insistia que ele parasse.
Daniel foi um homem simples e humilde, quando vinham as lutas e tribulações, apenas glorificava a Deus. Caminhando pelas ruas de Belém, enchia os bolsos de manga, e ia chupando mangas pelas ruas. Mudou-se para Vitória (ES) em 24 de Janeiro de 1922. Na comemoração dos 50 anos da Assembleia de Deus, Jubileu de Ouro, esteve em Belém para as celebrações. Foi condecorado pelo Pastor Paulo Leivas Macalão no Maracanãzinho com uma medalha de ouro. Mas a glória dava à Deus o dono da obra.
Berg não recebeu os cuidados e as honras que merecia. O próprio irmão Adriano Nobre reconheceu isto quando escreveu na extinta Revista Seara. Berg e sua família voltaram definitivamente para a Suécia em 1962. O Senhor recolheu Berg para o paraíso no dia 28 de maio de 1963, quando Berg tinha 79 anos. Na Suécia, onde estão seus parentes sepultados, ali também está Daniel Berg, que partiu feliz, e com a certeza da salvação.
Hoje perto do aniversário de 100 anos da igreja, ela se tornou grande e poderosa pelo Senhor Jesus Cristo. Registrados na CGADB há mais ou menos 40 mil pastores escritos. Hoje os membros são contados em milhões de pessoas. Mas ainda precisamos fazer muito tomando oexemplo de Berg. A nação vive afundada no pecado, idolatria, corrupção, vícios e outras mazelas sociais, e acima de tudo espiritual. Precisamos mergulhar de volta no ministério da evangelização
A Terra Natal
Em suas memórias, Daniel, que sempre nutriu acendrado amor por sua terra retrata o cenário da infância: "... para mim, Vargon é um desses lugares mais lindos da Suécia"; e tenta consertar o seu arroubo:"... sem que vá nesta declaração qualquer manifestação de bairrismo..."Ele continua, a enforcar seu berço, como o fazia saudoso, no Brasil, sem permitir porém que o apego às suas raízes interferisse na grande chamada: "Vargon tem a um lado o lago Varnern, do qual a cidade mais próxima, Vanersborg, tomou o nome. Do outro lado estão situadas as montanhas Hunnebeg e Halleberg, lugares prediletos dos reis da Suécia para realizar caçadas. Nós, as crianças, durante o verão e o outono, passávamos todas as horas de férias nessas montanhas, contemplando as fontes abundantes e os lagos cristalinos." Quão diverso, esse cenário, daquele em que, sob as mais duras provações, iria ser protagonista de um acontecimento que viria a comover milhões de brasileiros!
Daniel embarcou, a 5 de março de 1902, em Gotemburgo, rumo aos Estados Unidos, em sua primeira viagem marítima, a que muitas outras se seguiriam, como obreiro do Senhor. O dia estava frio e o "Romero" começou a afastar-se do ponto. "Mesmo que eu me arrependesse de haver embarcado", recorda o sueco apegado ao seu país, "já era tarde para mudar de idéia." Procurava tranqüilizar-se: "Pensei, então, comigo mesmo, que não veria a primavera sueca naquele ano, quiçá, nem no ano seguinte. Sabia, isso sim, que ao iniciar a primavera, eu estaria no país dos grandes sonhos e esperanças, a América do Norte. Na América também havia primavera, e, pensei, talvez seja igual na Suécia."
O porto do desembarque era Yorkshire, na embocadura do rio Hull, onde a cidade do mesmo nome vinha a ser uma das mais importantes da Inglaterra. Depois de breve permanência em Hull, Daniel rumaria a Liverpool, então a quarta cidade da Inglaterra em população, de onde embarcou, a 11 de março, com destino aos Estados Unidos. Era a velha cidade de Boston, arquitetonicamente e sob o aspecto urbanístico bem britânica, que se lhe descortinava, dias depois de deixar o Velho Mundo. Logo, estaria em Providence, Estado de Rhode Island, onde, com a ajuda de amigos, obteve emprego em uma fazenda.
DANIEL BERG
(1884–1963)
Missionário, evangelista, pastor e fundador das Assembleias de Deus no Brasil. Nasceu em 19 de abril de 1884, na pequena cidade de Vargön, na Suécia, às margens do lago de Vernern. Quando recém-nascido, o padre da cidade visitou inúmeras vezes a casa de seus pais para convencê-los a batizá-lo, mas nada conseguiu. Por isso, desde criança, Daniel era mal visto pelo padre, que, desprestigiado, passou a dizer que a criança que não fosse batizada por ele jamais sairia de Vargön. “Já naquele tempo pude observar a desvantagem e o perigo de o povo ter uma fé dirigida, sem liberdade. A religião que dominava minha cidadezinha e arredores impossibilitava as almas de terem um encontro com o Salvador”, conta o pioneiro em suas memórias.

Quando o evangelho começou a entrar nos lares de Vargön, seus pais, Gustav Verner Högberg e Fredrika Högberg, o receberam e ingressaram na Igreja Batista. Logo procuraram educar o filho segundo os princípios cristãos. Em 1899, quando contava 15 anos de idade, Daniel converteu-se e foi batizado nas águas na Igreja Batista de Ranum.

Em 1902, aos 18 anos, pouco antes do início da primavera nórdica, deixou seu país. Embarcou a 5 de março de 1902, no porto báltico de Gothemburgo, no navio M.S. Romeu, com destino aos Estados Unidos. “Como tantos outros haviam feito antes de mim”, frisava. O motivo foi a grande depressão financeira que dominara a Suécia naquele ano.

Em 25 de março de 1902, Daniel desembarcou em Boston. No Novo Mundo, sonhava, como tantos outros de sua época, em realizar-se profissionalmente. Mas Deus tinha um plano diferente e especial para sua vida.

De Boston, viajou para Providence, Rhode Island, para se encontrar com amigos suecos, que lhe conseguiram um emprego numa fazenda. Permaneceu nos Estados Unidos por sete anos, onde se especializou como fundidor. Com saudades do lar, retornou à cidade natal, onde o tempo parecia parado. Nada havia se modificado. Só Lewi Pethrus*, seu melhor amigo, companheiro de infância, não morava mais ali. “Vive em uma cidade próxima, onde prega o evangelho”, explicou sua mãe.

Logo chegou a seu conhecimento que seu amigo recebera o batismo no Espírito Santo, coisa nova para sua família. A mãe do amigo insistiu para que Daniel o visitasse. Aceitou o convite. No caminho, estudou as passagens bíblicas onde se baseava a “nova doutrina”. 

Chegando à igreja do amigo Lewi Pethrus (Igreja Batista de Lidköping), encontrou-o pregando. Sentou e prestou atenção na mensagem. Após o culto, conversaram longamente sobre a nova doutrina. Daniel demonstrou ser favorável. Em seguida, despediu de seus pais e partiu, pois sua intenção não era permanecer na Suécia, mas retornar à América do Norte.

Em 1909, em meio à viagem de retorno aos Estados Unidos, Daniel orou com insistência a Deus, pedindo o batismo no Espírito Santo. Como não estava preocupado como da primeira vez, posto que já conhecia os EUA, canalizou toda a sua atenção à busca da bênção.

Ao aproximar-se das plagas norte-americanas, sua oração foi respondida. A partir de então, sua vida mudou. Daniel passou a pregar mais a Palavra de Deus e a contar seu testemunho a todos.

Ainda em 1909, por ocasião de uma conferência em Chicago, Daniel encontrou-se com o pastor batista Gunnar Vingren, que também fora batizado no Espírito Santo. Os dois conversaram horas sobre as convicções que tinham. Uma delas é que tanto um como o outro acreditava que tinham uma chamada missionária. Quanto mais dialogavam, mais suas chamadas eram fortalecidas.

Quando Vingren estava em South Bend, Daniel Berg estava trabalhando em uma quitanda em Chicago quando o Espírito Santo mandou que se mudasse para South Bend. Berg abandonou seu emprego e foi até lá, onde encontrou Vingren pastoreando a igreja Batista dali. “Irmão Gunnar, Jesus ordenou-me que eu viesse me encontrar com o irmão para juntos louvarmos o seu nome”, disse Berg. “Está bem!”, respondeu Vingren com singeleza. Passaram, então, a encontrar-se diariamente para estudarem as Escrituras e orarem juntos, esperando uma orientação de Deus.

Após a revelação divina dada ao irmão Olof Uldin de que o lugar para onde deveriam ir era o Pará, no Brasil, Daniel Berg, contra a vontade dos seus patrões, abandonou o emprego. Eles argumentaram: “Aqui você pode pregar o Evangelho também, Daniel; não precisa sair de Chicago”. Mas ele estava convicto da chamada e não voltou atrás.

Ao se despedir, Berg recebeu de seu patrão uma bolacha e uma banana. Essa era uma tradição antiga nos Estados Unidos. Simbolizava o desejo de que jamais faltasse alimento para a pessoa que recebesse a oferta.

Esse gesto serviu de consolo para Berg, que em seguida partiu com Vingren para Nova Iorque, e de lá para o Brasil em um navio.

No Pará, Daniel, com 26 anos de idade, logo se empregou como caldereiro e fundidor na Companhia Port of Pará, recebendo salário mensal de 12 mil réis, passou a custear as aulas de português ministradas a Vingren por um professor particular. No fim do dia, Vingren ensinava o que aprendera a Daniel. Justamente por isso, Berg nunca aprendeu bem a língua portuguesa. O dinheiro que sobrava era usado na compra de Bíblias nos Estados Unidos.

Tão logo começou a se fazer entender na língua portuguesa, passou a evangelizar nas cidades e vilas ao longo da Estrada de Ferro Belém-Bragança, enquanto Vingren cuidava do trabalho recém-nascido na capital. Como o evangelho era praticamente desconhecido no interior do Pará, Berg se tornou o pioneiro da evangelização na região. É que as igrejas evangélicas existentes na época não tinham recursos suficientes para promover a evangelização no interior.

Após a evangelização de Bragança, tornou-se também o pioneiro na evangelização da Ilha de Marajó, onde peregrinou por muitos anos, a bordo de pequenas e grandes canoas. Berg ia de ilha em ilha, levando a mensagem bíblica aos pequenos grupos evangélicos que iam se formando por onde passava.

No início de 1920, Daniel visitou a Suécia, onde se enamorou com a jovem Sara, com quem se casou em 31 de julho daquele ano. Em março de 1921, retornou ao Brasil, acompanhado por sua esposa. O casal teve dois filhos: David e Débora.

Em 1922, seguiu para Vitória (ES) para estabelecer a Assembleia de Deus naquela capital, permanecendo até 1924, quando foi para Santos fundar a AD no Estado de São Paulo. Em 1927, o casal Berg mudou-se para a capital São Paulo, onde Daniel continuou fazendo seu trabalho de evangelismo até 1930.
Depois de um período de descanso, seguiu para a obra missionária em Portugal, entre os anos 1932-1936, na cidade de Porto. Após passar pela Suécia, retornou ao Brasil, em 11 de maio de 1949. Permaneceu na cidade de Santo André (SP) até 1962, quando retornou definitivamente para a Suécia.

Daniel Berg sempre foi muito humilde e simples. Em suas pregações e diálogos, sempre demonstrou essas virtudes. Ninguém o via irritado ou desanimado. Sempre que surgia algum problema, estas eram suas palavras: “Jesus é bom. Glória a Jesus! Aleluia! Jesus é muito bom. Ele salva, batiza no Espírito Santo e cura os enfermos. Ele faz tudo por nós. Glória a Jesus! Aleluia!”. 

No Jubileu de Ouro das Assembleias de Deus no Brasil, comemorado em Belém, Berg estava lá, inalterado, enquanto os irmãos faziam referência a sua atuação no início da obra. Para ele, a glória era única e exclusivamente para Jesus. Berg considerava-se apenas um instrumento de Deus.

Nas comemorações do Jubileu no Rio de Janeiro, no Maracanãzinho, quando pastor Paulo Leivas Macalão colocou em sua lapela uma medalha de ouro, Berg externou visivelmente em seu rosto a ideia de que não merecia tal honraria.

Até 1960, Berg recebeu, diretamente de Deus, a cura de suas enfermidades mediante a oração da fé. Mas, a respeito de suas condições de vida nos seus anos finais, pode-se inferir que não tinha o amparo que merecia. A esse respeito, o pioneiro Adrião Nobre protestou na revista A Seara, edição de novembro-dezembro de 1957, p. 32: “O irmão Berg reside em São Paulo (cidade de Santo André). Não sei como ele vive ultimamente; tive, contudo, notícias desagradáveis com relação à sua condição de vida – não tem, segundo soube, o descanso que merece, nem o conforto que lhe devemos proporcionar. Irmãos, não sejamos injustos, lembremo-nos de auxiliar o tão amado pioneiro da obra pentecostal no Brasil”.
Em 1963, foi hospitalizado na Suécia. Mesmo assim, ainda trabalhava para o Senhor. Ele saía da enfermaria para distribuir folhetos e orar pelos que se decidiam. A disciplina interna do hospital não lhe permitia fazer esse trabalho, por isso uma enfermeira foi designada para impor-lhe a proibição. Porém, ao deparar-se com o homem de Deus alquebrado pelo peso dos anos, mas vigoroso em sua tarefa espiritual, não teve coragem e desistiu da tarefa. Berg, então, continuou a oferecer literaturas.

Finalmente, em 27 de maio de 1963, aos 79 anos, Daniel Berg morreu. Sua esposa, Sara, faleceu em 11 de abril de 1981.

Fontes: BERG, Daniel. Enviado por Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 8ª edição, 2000, 208 pp; VINGREN, Ivar. O diário do pioneiro – Gunnar Vingren. Rio de Janeiro: CPAD, 1ª edição, 1973, 222 pp; CONDE, Emílio. História das Assembleias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 1ª edição, 2000. pp. 19- 50; Ivar Vingren skriver om svensk pingstmission i Brasilien - Från missionsInstitutes serie av missionärsberättelser (Ivar Vingren escreve sobre a missão pentecostal sueca no Brasil - Da série de relatos de missionários do Instituto de Missões). Suécia, 1994, pp. 20-27; DESPERTAMENTO apostólico no Brasil. Tradução: Ivar Vingren. Rio de Janeiro: CPAD, 1987, pp. 7-44; VINGREN, Ivar. Det började i Pará - Svensk Pingstmission i Brasilien (Tudo começou no Pará - missão pentecostal sueca no Brasil). Ekrö, Suécia: MissionsInstitutet-PMU, 1994, pp. 28-34; Boa Semente, Belém (PA), setembro 1930, p. 5; Mensageiro da Paz, CPAD, setembro 1999; janeiro 1997; dezembro 1985; junho 1980; março 1980; agosto 1936, p. 5, 1a quinzena; julho 1936, p. 7, 2a quinzena; fevereiro 1933, p. 7, 2a quinzena; julho 1963 p. 1 2a quinzena; novembro 1933, p. 6, 2a quinzena; novembro 1989, p. 12; setembro 1981; Obreiro, CPAD, jan-mar 1979, pp.42-45; A Seara, CPAD, janeiro 1957, pp. 23-26, 36; julho 1963, pp. 4, 5.


Vingren nos EUA
Gunnar Vingren viajou para Gotemburgo em meados de 1903. No dia 30 de junho tomava o vapor que o levaria à mesma cidade de Hull, por onde no ano anterior passara Daniel. E não se tratava de mera coincidência. Era a mão de   Deus dando continuidade aos mais altos desígnios. De trem continuou até liverpool e, novamente, por via marítima prosseguiu em sua jornada até Boston. Mas precisou viajar mais, com destino à casa do seu tio Carl, residente em Kansas City, onde chegou em 19 de novembro, após dezenove dias de viagem.
Logo, Gunnar conseguiu empregar-se, até o verão, como foguista em Greenhouse. No inverno, viria a trabalhar como porteiro de uma loja e jardineiro. Na condição de estrangeiro, sobravam-lhe, como sempre acontece, as ocupações mais modestas. Em fevereiro de 1904, ei-lo a caminho de outro endereço, em busca de seu ganha-pão: a cidade de St. Louis, onde passou a trabalhar no Jardim Botânico.
A "Chamada Equivocada"
Um tio de Gunnar Vingren havia sido  missionário na China; e ele começou a cogitar de tomar o mesmo destino. Mas o Senhor falou-lhe ao coração, demovendo-o daquele propósito. Uma vez batizado no Espírito Santo, Gunnar iria sentir-se em plena sintonia com os recados de Deus. Ele fez o curso teológico em Chicago, no Seminário Batista Sueco, de setembro de 1904 a 1909. A isso fora exortado, quando pertencia à Igreja Batista. Nesse período, como estagiário, pregava em vários lugares: na Primeira Igreja Batista em Chicago, Michigan, em Sycamore, Illinois; Blue Island. Nos últimos estágios pastoreou a igreja em Mountaim, Michigan. Estava intelectualmente preparado, adquirira alguma experiência pastoral, mas ainda carecia de algo para estar pronto.
Ao resisitir, por fim, à determinação dos ministros quanto à sua viagem para a China - pois o que lhe ia no coração nada tinha a ver com o multissecular país - sérias consequências o envolveram. Foi-se-lhe inclusive a noiva, que aspirava acompanhá-lo ao Oriente e, desatendida, optou pelo rompimento do compromisso...
De volta à Suécia
As saudades da família, de sua bucólica Vargon, falaram a Daniel tão fortemente que um dia, em 1908, regressou. Embora pudesse parecer estranho esse capítulo de sua história, um retrocesso, mais uma vez era o Senhor articulando todos os seus passos.
Informado do destino de seu amigo Lewi Pethrus, desejou Daniel viajar ao seu encontro. Pethrus, que vivia numa cidade próxima, onde pregava o Evangelho, falou-lhe das doutrinas pentecostais. No regresso aos EUA, em 1909, Daniel recebeu o batismo no Espírito Santo.
O grande Avivamento
Era tempo de um grande avivamento nos Estados Unidos, exatamente o país onde Daniel havia estado e aonde agora retornava. Em muitas igrejas tradicionais, crescia o número dos que recebiam a promessa pentecostal. A princípio, eles não se afastavam de suas comunidades, mas começaram a ter encontros em que, com maior liberdade, ouvia-se sobre o Evangelho Pleno, viam-se e ouviam-se homens, mulheres e crianças a falar em línguas, a receberem a cura divina. Muitos outros buscavam, e também recebiam o que Jesus prometera antes de sua ascensão.
Em 1854, a chama pentecostal havia crepitado mais fortemente na Nova Inglaterra (Bostom e adjacências); em 1892, na cidade de Moarehead; em 1903, em Galena, Kansas; em Orchard e Houstok, nos anos de 1904 e 1905. Tão perto do Pentecoste, no entanto ele precisou atravessar o oceano para encontrá-lo...
Sintonia com Deus
Após uma semana convencional, o poder de Deus envolveu a Vingren, extraordinariamente. Mais tarde, pôde entender o que o Espírito Santo desejava dizer-lhe:  uma irmã com o dom de interpretação de línguas foi usada pelo Senhor para dar-lhe ciência de que antes de seguir ao campo missionário, deveria ser revestido de poder. Em novembro do mesmo ano (1909), recebeu o revestimento de poder.
Agora, Daniel e Gunnar tinham alguma coisa mais em comum, além da condição de patrícios, servos do Senhor e imigrantes no mesmo país. Com apenas um ano de diferença, eram ambos batizados  no Espírito Santo, falavam línguas estranhas.
UNIDOS POR DEUS
Passos Convergentes
Faltava pouco, agora, para o encontro. E isto aconteceu também em 1909, em Chicago, como participantes de uma conferência.
Depois de longo diálogo, em que cada vez mais se identificavam e se compenetravam da chamada de Deus, passaram a orar diariamente, em busca de completa orientação do Alto.
Um Nome no Sonho: Pará
Alguns dias se passaram, até quando um crente batizado no Espírito Santo, chamado Adolfo Uldin, narrou-lhes um sonho, em que os dois amigos eram personagens, e em que lhe aparecera, bem legível, um nome muito estranho: Pará. Uldin jamais lera ou ouvira tal palavra. Mas, entendeu tratrar-se de um lugar. Daniel e Vingren compreenderam que era a resposta de Deus às suas muitas orações. No dia segunite, dirigiram-se a uma biblioteca, a fim de consultar os mapas. Ao verificarem a distância do país em que ficava o Pará, chegaram a ser abalados pelas dúvidas, mas após uma semana de oração convenceram-se quanto ao destino a tomar.
A decisão se tornara irreversível. E Deus continuou a dispor marcos no caminhoo dos suecos para que pudessem comprovar a certeza da vontade divina em suas vidas.
A provisão do Senhor
O dinheiro de que dispunham era muito pouco, mas significava mais um indicativo dos rumos a serem tomados: noventa dólares - o preço da passagem até o longínquo país onde havia um lugar chamado Pará. Mas, eis que, com novo teste, Deus voltava a desafiar-lhes a fé:  o Senhor ordenava a Vingren doar os noventa dólares ao jornal da igreja do pr. Durham. E Daniel concordou. Eles o visitavam em Chicago, em busca de alguma contribuição para a viagem, "mas", recorda Daniel, "os irmãos não se mostraram muito entusiasmados. Mencionaram dificuldades de clima e predisseram que voltaríamos sem demora. Por isso,  não nos garantiram qualquer sustento". Durham limitara-se separá-los para a missão no Brasil.
Em outra igreja da mesma cidade, em um culto de despedida, o pr. B. M. Johnsom - que viria a ajudá-los, quando no Brasil, nos momentos mais difíceis - também nada pôde fazer por eles, mas deixou a congregação à vontade. Caso essa oferta poderiam chegar até Nova York.
Prosseguiram viagem e, numa parada, depararam-se com um amigo de Vingren, que foi logo dizendo:
O Dedo de Deus
"Sabe, irmão Vingren, sonhei com você esta noite, e Deus me falou que eu lhe deveria dar noventa dólares. Hoje de manhã pus o dinheiro em um envelope para remetê-lo...Agora não preciso pagar a remessa". Mais um sinal no caminho: o Senhor lhes falava de modo inusitado, mas quão claramente lhes falava! O dedo de Deus era quase visível.
Uma vez em Nova York, logo começaram a buscar, nas companhias marítimas, suas duas passagens para o dia 5 de novembro. Não tinham dúvidas; a data era exatamente aquela.
Outro Sinal
Em South Band, o Senhor lhes havia dito tudo a respeito, pormenorizadamente. Porém, tantos foram consultados quantos negaram haver partida para 5 de novembro. Finalmente, encontraram um navio inglês que se achava em reparos, não constante das listagens. E o navio, o "Clement", começou a singrar, naquele dia prenunciado, em direção a Belém do Pará.
O dinheiro disponível era suficiente, mas dava apenas para a terceira classe, onde nem sequer mesas e cadeiras existiam. Eram compelidos a viajar no convés, sentados em tonéis, "mas sentíamos o poder de Deus sobre nós ali, e louvávamos ao Senhor, e Ele nos falava dizendo que ia junto conosco e que nos abriria as portas", conta Daniel, "o que alegrava os nossos corações maravilhosamente".
Conversão sobre o Mar
Durante a viagem, um jovem complexado, carrancudo, muito infeliz, pensava em suicidar-se, quando Daniel lhe dirigiu a palavra, e perguntou: "Você tem fé em Deus?" "Quem é Deus?", veio a indagação. A mensagem do missionário tocou-lhe profudamente o coração, ele se pôs a chorar, e aceitou a Cristo como Salvador.
A Chegada ao Brasil
A chegada ocorreu a 19 de novembro de 1910. Tudo era estranhíssimo para os dois suecos. As pessoas malvestidas, os leprosos a desfilar seus corpos mutilados, apresentando pungente espetáculo pelas ruas. Mas o Senhor de fato os enviara, e aqui estava para guardá-los do contágio e, logo, das agressões, ofensas e ameaças. Alguns dos alegres passageiros que com eles chegaram ao porto de Belém nunca imaginaram que viriam a ser infectados, e logo depois   teriam seus nomes no rol dos mortos.
No modesto hotel (onde por um dia se hospedaram) consumiram os seus pobres 16 mil réis. Com níqueis restantes, iriam de bonde, no dia seguinte, em busca da residência do pastor metodista Justo Nelson, diretor do jornal que, "casualmente", chegara às mãos de Vingren no quarto onde se haviam hospedado. Para surpresa deles, tratava-se de um conhecido de Vingren, nos Estados Unidos.
Separados para as missões por uma igreja batista, nada mais natural do que encaminhá-los aos irmãos da mesma fé, o que se fez.
No dia seguinte, foram muito bem recebidos pelo missionário Erik Nelson. Este, como eles de nacionalidade sueca, convidou-os a cooperarem no trabalho. E ofereceu-lhes o porão da igeja, onde se alojaram.
Outros Missionários no Brasil

Ao longo dos anos, outros missionários foram chegando. Procediam, principalmente, da Suécia e dos Estados Unidos. O terceiro foi Otto Nelson, em 1914. Seguiram-no: Samuel Nyström (1916) e Samuel Hedlund (1921). Todos dos EUA, chegaram em março de 1921: Nels Nelson, Ana Carlson, Beda Palha, Gay de Vris, Augusto Anderson, Ester Anderson, Vitor Johson e Elizabeth Johnson. Em seguida: Gustavo Nordlund, Herberto Nordlund e Simão Lundgren, os três em 1924. Joel Carlson veio em 1925. Orlando Boyer, enviado pela missão da Igreja de Cristo, unindo-se mais tarde à Assembléia de Deus, veio em 1927. Em 1928, chegavam Nils Kastberg e Algot Svenson. Eurico Aldor Peters desembarcou no Brasil em 1933. Depois destes, Nels Lawrence Olson (1938) e Nils Taranger (1946). Em 1948 vieram Eurico Bergstem e John Peter Kolenda. Carlos Hultgren chegou em 1950. Bernhard Johnson Jr., que já estivera no Brasil na infância, retornou em 1957. As fontes consultadas não dispõem das datas em que pisaram o solo brasileiro os missionários Anders Johnson, Walter Goodband e Erna Miller, mas estes já estavam aqui em 1934. Outros deram sua contribuição à evangelização dos brasileiros, como John Aenis, Albert Widner, Guilherme Treffut, Victor Jansson, Simão Sjögren, Nina Englund, Horace S. Ward, Albert Widmer, Cecilia e Anderson Johansson.

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