Ashbel Green Simonton
Ashbel Green Simonton (1833-1867), o fundador da Igreja Presbiteriana
do Brasil, nasceu em West Hanover, no sul da Pensilvânia, e passou a infância
na fazenda da família, denominada Antigua. Eram seus pais o médico e político
William Simonton e D. Martha Davis Snodgrass (1791-1862), filha de um pastor
presbiteriano. Ashbel era o mais novo de nove irmãos. Os irmãos homens
(William, John, James, Thomas e Ashbel) costumavam denominar-se os
"quinque fratres" (cinco irmãos). Um deles, James Snodgrass Simonton,
quatro anos mais velho que Ashbel, viveu por três anos no Brasil e foi
professor na cidade de Vassouras, no Rio de Janeiro. Uma das quatro irmãs,
Elizabeth Wiggins Simonton (1822-1879), conhecida como Lille, veio a casar-se
com o Rev. Alexander Latimer Blackford, vindo com ele para o Brasil.
Em 1846, a família mudou-se
para Harrisburg, a capital do estado, onde Ashbel concluiu os estudos
secundários. Após formar-se no Colégio de Nova Jersey (a futura Universidade
de Princeton), em 1852, o jovem passou cerca de um ano e meio no Mississipi,
trabalhando como professor. Voltando para o seu estado, teve profunda
experiência religiosa durante um avivamento em 1855 e ingressou no Seminário
de Princeton, fundado em 1812. No primeiro semestre de estudos, ouviu na capela
do seminário um sermão do Dr. Charles Hodge, um dos seus professores, que
despertou o seu interesse pela obra missionária no exterior. Concluídos os
estudos, foi ordenado em 1859.
Na sua adolescência ele já
começara a ter um crescimento espiritual. Começara a distinguir as coisas
espirituais, a estudar a Palavra de Deus para não errar na falta do
conhecimento dela, e consequentemente não conhecer o poder de Deus na sua
vida. Ele muito provavelmente conhecia muito bem a história do farisaísmo que
chamava o Senhor Jesus de mestre das Escrituras, mas não o conhecia como o
Senhor. E consequentemente não experimentava o poder e a autoridade no Senhor
Jesus.
O jovem Simonton pela graça
de Deus não caiu neste erro, que hoje muitos de nós temos caído. Pois, alguns
são craques no conhecimento da Palavra de Deus, porém raquíticos na
experiência do poder. Vemos na vida de Simonton ele mantendo o equilíbrio do
conhecimento de Deus e a busca pelo poder de Deus. Num momento singular de
vida na presença do Senhor, Simonton chegou a dizer: "Vou me dedicar
para aumentar o meu amor e interesse pelo meu salvador... Vou marchar em
frente e me esforçar para servi-lo, brilhe ou não a luz em meu caminho, vou
confessar diante dos homens meu desejo e resolução de abandonar o mundo e
procurar participar no sangue do meu salvador. Vou confiar nas promessas e
andar esperando o que o Espírito Santo de Deus promete. Vou estudar a Palavra
no temor de Deus e cumprir todos os deveres expressos nela, estudá-la em
oração sincera para que seja guiado ao bom entendimento dela".
No dia 28 de junho de 1859
ele estava a bordo do Banshee ao lago da Bermuda rumo ao Brasil. Viajou
durante 44 dias naquele navio e evangelizou muitos homens e fez até Escola
Dominical na viagem.
Quando foi no dia 11 de
agosto de 1859 ele estava no porto do Rio de Janeiro, avistando o Corcovado e
o Pão de Açúcar. E só saiu do navio às 9:00 horas da manhã do dia 12 de
agosto. Ele saiu maravilhado com a terra brasileira. No mesmo dia hospedado
na casa de Robert Wright começou o seu trabalho. Começou mesmo com a
dificuldade de não saber o português bem. Simonton fez um acordo com a
família de Robert, ele ensinaria o inglês para ela e ela ensinaria o
português para ele. E Simonton começou a aproveitar as suas oportunidades
para a evangelização do povo brasileiro. E dizia sempre: "Preciso
cultivar minha piedade, ou nada poderei fazer por essas pessoas".
Pouco depois de organizar a
Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro (12/01/1862), o jovem missionário
seguiu em viagem de férias para os Estados Unidos, vindo a casar-se com Helen
Murdoch, em Baltimore. Regressaram ao Brasil em julho de 1863. No final de
junho do ano seguinte, Helen faleceu nove dias após o nascimento da sua
filhinha, que recebeu o seu nome. Helen Murdoch Simonton, a filha única do
Rev. Simonton, nunca se casou e faleceu aos 88 anos no dia 7 de janeiro de
1952.
Ele marcou a sua geração,
marcou a sua história como instrumento de Deus. Com o passar dos anos,
Simonton criou o jornal Imprensa Evangélica (1864), fundou a igreja
Presbiteriana do Rio de Janeiro em 1862, fundou um Presbitério e um Sínodo no
Rio (1865), uma igreja em São Paulo e um Presbitério e um Seminário Teológico
(Seminário do SPS) (1867), este último localizado em um edifício de vários
pavimentos junto ao Campo de Santana.
No seu tempo ainda vivo, o
Presbitério do Rio de Janeiro tinha 394 membros comungantes. Alguns anos
depois da sua morte no ano de 1888, em São Paulo o Presbitério já tinha 1106
membros comungantes. Incluindo a IPB do Rio, de São Paulo, Minas e Recife,
tinha o total de 2947 membros. E hoje (2004) pela graça do Senhor temos mais
de 500 mil presbiterianos no Brasil.
No final de 1867, sentindo-se
adoentado, o missionário pioneiro seguiu para São Paulo, onde sua irmã e seu
cunhado criavam a pequena Helen. Seu estado de saúde agravou-se e ele veio a
falecer no dia 9 de dezembro, acometido de "febre biliosa",
conforme consta do seu registro de sepultamento. Seu túmulo foi um dos
primeiros do ainda recente Cemitério dos Protestantes, no bairro da
Consolação. Anos depois, foram sepultados perto dele os ossos do ex-sacerdote
Rev. José Manoel da Conceição (1822-1873), o primeiro pastor evangélico
brasileiro. Simonton e Conceição, um americano e um brasileiro, foram os
personagens mais notáveis dos primórdios do presbiterianismo no Brasil.
No túmulo de Simonton está
escrito o texto de I Cor. 15:58: "O seu trabalho não foi vão no
Senhor". Esta foi a vida de um homem que teve compromisso e o seu
trabalho não foi em vão no Senhor. Que a graça de Deus Pai caia sobre nós
para sermos instrumentos em suas mãos. Que ele nos use para sermos vasos semelhantes
a Simonton, para que o seu nome seja exaltado e glorificado na nossa vida.
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