HISTORIA DA IGREJA
PERIODO MODERNO
1 )MORAVIOS
2)PURITANOS
3)INGLATERRA
4)ESTADOS
UNIDOS.
HISTORIA DOS IRMÃOS
MORAVIOS (1457-1760)
A
tua palavra é a verdade: a saga dos Irmãos Morávios.
Os
irmãos morávios e a igreja valdense são os únicos grupos protestantes atuais
cujas raízes mais remotas são anteriores à Reforma do século 16. Os valdenses
tiveram suas origens em um movimento reformista iniciado por volta de 1175 por
Valdès, um comerciante de Lião, no sul da França. Expulsos da Igreja Católica
em 1184, seus simpatizantes enfrentaram heroicamente séculos de perseguição,
abraçando eventualmente a Reforma Protestante. Refugiaram-se principalmente nos
vales alpinos do norte da Itália, na região conhecida como Piemonte, a sudoeste
de Turim. Os irmãos morávios, por sua vez, têm uma história ainda mais
complexa, mas não menos inspiradora, cujos primórdios remontam à Inglaterra do
final do século 14.
De
João Wyclif a João Hus
John
Wyclif (c.1325-1384) nasceu em Yorkshire, estudou na Universidade de Oxford e
abraçou o sacerdócio. Na década de 1360, adquiriu grande reputação em Oxford e
outros centros intelectuais como brilhante professor e escritor de filosofia.
Posteriormente, tornou-se conselheiro teológico do rei e prestou serviços à
coroa inglesa. Defendeu a teoria de que o poder civil tinha o direito de se
apoderar das propriedades do clero corrupto. Suas opiniões foram condenadas pelo
papa em 1377, mas ele teve o apoio de pessoas influentes e do povo. Após o
Grande Cisma (1378), com a existência simultânea de dois papas rivais, suas
idéias tornaram-se mais radicais e ele acabou por rejeitar toda a estrutura
tradicional da igreja medieval. Em uma série de tratados teológicos, afirmou a
autoridade suprema das Escrituras, definiu a igreja verdadeira como o conjunto
dos eleitos, e questionou o papado e a transubstanciação. Além disso,
incentivou a primeira tradução da Bíblia completa para a língua inglesa (1384).
Eventualmente,
Wyclif perdeu o apoio da nobreza e de muitos simpatizantes, mas viveu em paz os
seus últimos anos, vindo a falecer em sua paróquia, Lutterworth, no dia 28 de
dezembro de 1384. Seus seguidores, conhecidos como lolardos, foram duramente
reprimidos nas décadas seguintes. Ensinavam que a missão principal de um
sacerdote era pregar as Escrituras e que a Bíblia dever ser acessível a todos
nas várias línguas vulgares. Essas idéias contribuiriam para a ampla aceitação
da Reforma Protestante pelos ingleses no século 16.
No
século 14, a Boêmia (Tchecoslováquia) fazia parte do Sacro Império Germânico.
Politicamente, o país estava dividido por conflitos entre os tchecos e a
comunidade imigrante alemã, mais poderosa. Em 1382, a Boêmia, até então pouco
ligada à Inglaterra, aproximou-se deste país por meio do casamento de uma
princesa tcheca com o rei Ricardo II. Jovens tchecos passaram a estudar em
Oxford e conheceram as doutrinas de Wyclif, que logo levaram para a sua terra,
especialmente para a Universidade de Praga (fundada em 1348). Entre os
professores que abraçaram muitas idéias de Wyclif estava o ardoroso Jan Hus (c.
1373-1415).
Hus
nasceu na vila de Husinec, estudou na Universidade de Praga e foi ordenado
sacerdote em 1400. Pouco antes da ordenação teve uma experiência de conversão
pelo estudo da Bíblia e se tornou um zeloso defensor de reformas eclesiásticas.
Além de lecionar na universidade, em 1402 foi nomeado pregador da Capela de
Belém, o centro do movimento reformista tcheco, alcançando enorme popularidade
por suas pregações. Como João Wyclif, ele ensinava que a igreja verdadeira
consiste somente dos eleitos, dos quais o cabeça é Cristo, e não o papa. Embora
defendesse a autoridade tradicional do clero, Hus afirmava que somente Deus
pode perdoar pecados. Acreditava que nem o papa nem os cardeais podiam
estabelecer como autêntica uma doutrina que fosse contrária à Escritura, e que
nenhum cristão devia obedecer às suas ordens quando estas se revelassem
abertamente erradas. Dizia que a igreja devia ter uma vida de simplicidade e
pobreza, à semelhança de Cristo. A única lei da igreja era a Bíblia,
especialmente o Novo Testamento, daí a grande importância da pregação. Condenou
a corrupção do clero, a adoração de imagens, os falsos milagres, as
peregrinações supersticiosas e a venda das indulgências, mas manteve a
transubstanciação.
A
partir de 1410, as autoridades eclesiásticas e seculares começaram a tomar
medidas drásticas contra os wyclifitas. Apesar de ser altamente estimado pelo
povo, Hus foi excomungado e seguiu para o exílio no sul da Boêmia, onde
escreveu sua principal obra, De Ecclesia (Sobre a Igreja). Munido de um
salvo-conduto fornecido pelo imperador alemão Sigismundo, compareceu ao célebre
Concílio de Constança (1414-1418), no sul da Alemanha, a fim de justificar as
suas posições. Em 4 de maio de 1415, o concílio condenou formalmente João
Wyclif como herege e ordenou que o seu corpo fosse retirado da terra consagrada
(essa ordem só seria cumprida em 1428). Hus, considerado por todos um
wyclifita, recusou-se firmemente a abjurar as suas idéias. No dia 6 de julho de
1415 foi sentenciado e queimado na fogueira, enfrentando a morte com grande
coragem e dignidade.
A
Unitas Fratrum e os Irmãos Morávios
A
notícia da morte de Hus produziu grande revolta na Boêmia, que seria agravada
pela condenação do seu amigo e colega Jerônimo de Praga, também levado à
fogueira pelo Concílio de Constança, em 30 de maio de 1416. Outra fonte de
protestos foi a proibição, pelo mesmo concílio, da ministração do cálice da
Ceia aos leigos, prática que se tornara o símbolo do movimento hussita.
Surgiram duas facções no movimento: um partido moderado e aristocrático,
sediado em Praga, conhecido como utraquistas (referência à comunhão sub utraque,
isto é, “em ambas” as espécies) ou calixtinos (do latim calix = cálice), e um
partido radical, popular, os taboritas (de Tábor, a sua fortaleza). Os
primeiros rejeitaram somente as práticas que consideravam proibidas pela “lei
de Deus”, a Bíblia, ao passo que os taboritas repudiavam todas as práticas não
sancionadas expressamente pelas Escrituras.
Após um período de conflitos, as duas facções se uniram em 1420, adotando
uma agenda religiosa comum, “Os Quatro Artigos de Praga”, que exigiam a livre
pregação da Palavra de Deus, o cálice para os leigos, a pobreza apostólica e
uma vida de austeridade para clérigos e leigos. Durante alguns anos, eles se
envolveram em várias guerras vitoriosas contra os seus adversários. Uma
tentativa de acordo com a igreja católica produziu novas lutas internas, sendo
os taboritas derrotados pelos utraquistas em 1434, na batalha de Lipany.
Fracassado o acordo com o catolicismo, os utraquistas tornaram-se um grupo
religioso autônomo, cuja plena paridade com os católicos foi declarada pelo
Parlamento da Boêmia em 1485. Alguns anos antes, em 1457, havia surgido a
Unitas Fratrum (Unidade dos Irmãos Boêmios), reunindo elementos taboritas,
utraquistas e valdenses. Essa igreja absorveu o que havia de mais vital no
movimento hussita e tornou-se a precursora dos irmãos morávios.
Com o advento da Reforma, os “irmãos unidos” abraçaram o protestantismo.
Nessa época, eles contavam com cerca de 400 igrejas locais e 150 a 200 mil
membros na Boêmia e na vizinha Morávia. Expulsos de sua pátria durante a Guerra
dos Trinta Anos (1618-1648), espalharam-se por diversas regiões da Europa e
perderam muitos adeptos. Um ano especialmente amargo foi 1621, quando quinze
irmãos foram decapitados no “dia de sangue”, muitos crentes foram mandados para
as minas ou masmorras, igrejas foram fechadas, escolas destruídas, Bíblias,
hinários e catecismos foram queimados. Os poucos remanescentes continuaram a
realizar as suas funções religiosas em segredo e a orar pelo renascimento da
sua igreja. Um importante líder desse período aflitivo foi o notável educador
Jan Amos Comenius (1592-1672), eleito bispo dos irmãos morávios em 1632.
O conde Zinzendorf e Herrnhut
Em
1722, sobreviventes dos irmãos unidos que falavam alemão, residentes no norte
da Morávia, começaram a buscar refúgio na vizinha Saxônia, sob a liderança de
um carpinteiro, Christian David. O jovem conde Nikolaus Ludwig von Zinzendorf
(1700-1760) permitiu que eles fundassem uma vila em sua propriedade de
Berthelsdorf, cerca de 110 quilômetros a leste de Dresden. Zinzendorf era fruto
do pietismo, um influente movimento que havia surgido recentemente no
luteranismo alemão. Esse movimento teve como líderes iniciais Phillip Jacob
Spener (1635-1705) e August Hermann Francke (1663-1727), sendo seu principal
centro de atividade a cidade de Halle, também na Saxônia, a terra de Martinho
Lutero. Os pietistas davam grande ênfase à devoção, à experiência e aos
sentimentos, em contraste com a ortodoxia, credos e rituais. Também valorizavam
a conversão pessoal, o sacerdócio universal dos crentes, o estudo das
Escrituras, os pequenos grupos para comunhão e auxílio mútuo, e um cristianismo
prático voltado para educação, missões e beneficência.
Nascido
em uma família aristocrática, Zinzendorf recebeu uma educação pietista em Halle
dos 10 aos 17 anos. Desde a infância revelou uma intensa devoção pessoal a
Cristo e mesmo depois de ingressar no serviço público, em 1721, continuou a ter
como interesse predominante o cultivo da “religião do coração”. Foi então que
entrou em contato com os morávios. A vila que estes fundaram em sua propriedade
recebeu o nome de Herrnhut (“a vigília do Senhor”). A comunidade cresceu e logo
se uniram a ela muitos pietistas alemães e outros entusiastas religiosos.
Inicialmente Zinzendorf lhes deu pouca atenção, mas em 1727 começou a assumir a
liderança espiritual do grupo. Superadas algumas divisões iniciais, no dia 13
de agosto de 1727 foi realizado um marcante culto de comunhão que veio a ser
considerado o renascimento da antiga Unitas Fratrum, a Igreja Morávia renovada.
A partir de então, Herrnhut tornou-se uma disciplinada e fervorosa comunidade
cristã, um corpo de soldados de Cristo ansioso em promover a sua causa no país
e no exterior.
Embora
Zinzendorf desejasse que os morávios permanecessem como membros da igreja
estatal da Saxônia (luterana), gradualmente eles formaram uma igreja separada.
Em 1745 a Igreja Morávia já estava plenamente organizada com seus bispos,
presbíteros e diáconos, embora seu governo fosse, e ainda seja, mais
presbiteriano que episcopal. A essa altura o moravianismo estava criando uma
liturgia de grande beleza e uma rica tradição hinológica. A Igreja Morávia
restaurada permaneceu pequena, mas sua influência se fez sentir em toda a
Europa. Seus primeiros bispos foram David Nitschmann (1735) e o próprio
Zinzendorf (1737), que, após uma vida de intensa atividade missionária e
pastoral na Europa e na América do Norte, faleceu em Herrnhut em 1760. Certa
vez havia declarado, referindo-se a Cristo: “Eu tenho uma paixão; é ele e ele somente”.
Até
aos confins da terra
Com
o seu zelo por Cristo, os morávios escreveram uma das páginas mais nobres das
missões cristãs em todos os tempos. Nenhum grupo protestante teve maior
consciência do dever missionário e nenhum demonstrou tamanha consagração a esse
serviço em proporção ao número de seus membros. Numa viagem a Copenhague para
assistir à coroação do rei dinamarquês Cristiano VI, Zinzendorf conheceu alguns
nativos das Índias Ocidentais e da Groenlândia. Regressou a Herrnhut cheio de
fervor missionário e, em conseqüência disso, Leonhard Dober e David Nitschmann
iniciaram uma missão aos escravos africanos em St. Thomas, nas Ilhas Virgens,
em 1732, e Christian David e outros seguiram para a Groenlândia no ano
seguinte.
Em
1734, um grupo liderado por August Gottlieb Spangenberg (1704-1792) começou a
trabalhar na Geórgia. No Natal de 1741, o próprio Zinzendorf visitou a América
e deu o nome de Bethlehem (Belém) à colônia que os morávios da Geórgia estavam
criando na Pensilvânia. Essa cidade se tornaria a sede americana do movimento.
O mais famoso missionário morávio aos índios norte-americanos foi David
Zeisberger (1721-1808), que trabalhou entre os creeks da Geórgia a partir de
1740 e entre os iroqueses desde 1743 até a sua morte.
Herrnhut
tornou-se um centro de atividade missionária, iniciando missões no Suriname,
Costa do Ouro, África do Sul, Argélia, Guiana, Jamaica, Antigua e outros
locais. Em 1748, foi iniciada uma missão aos judeus em Amsterdã. Até 1760, o
ano da morte de Zinzendorf, os morávios haviam enviado 226 missionários a dez
países e cerca de 3 mil conversos haviam sido batizados. Outros locais
alcançados posteriormente foram Egito, Labrador, Espanha, Ceilão, Romênia e
Constantinopla. Em 1832, havia 42 estações missionárias morávias ao redor do
mundo. Os nomes dos primeiros campos missionários mostram uma característica do
trabalho morávio: eram em geral locais difíceis e inóspitos, exigindo uma
paciência e dedicação toda especial, traço que até hoje caracteriza o trabalho
missionário desse grupo.
Com
seu heroísmo, apego às Escrituras e consagração a Deus, os irmãos morávios,
embora pouco numerosos, exerceram uma forte influência espiritual sobre outros
grupos e movimentos protestantes, especialmente na Inglaterra. A convivência
com alguns morávios causou profundo impacto em João Wesley e contribuiu para a
sua conversão e o surgimento do metodismo. William Carey, o pioneiro das
missões batistas, os admirava grandemente e apelou para o seu exemplo de
obediência. Eles também inspiraram a criação de duas das primeiras agências
protestantes de missões — a Sociedade Missionária de Londres (1795) e a
Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira (1804). Assim completou-se um ciclo
extraordinário: a obra do pré-reformador inglês João Wyclif contribuiu para o
surgimento dos morávios e, séculos depois, estes foram uma bênção para a
Inglaterra e, por meio dela, para muitos outros povos.
Notas
Ultimato Cita: Alderi Souza de Matos é doutor em história da igreja pela
Universidade de Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil.
CONVERSÃO DE
JOHN WESLEY
Jhon Walker
Em
1736, um grupo de morávios estava viajando num navio com destino à América.
Dois jovens ingleses, missionários anglicanos, estavam no mesmo navio.
Sobreveio sobre eles um terrível temporal e era iminente um naufrágio. Leiamos
o que um dos jovens, John Wesley escreveu no seu diário a respeito desse
acontecimento:
Às
sete horas fui procurar os morávios. Eu havia observado há muito a profunda
seriedade do seu comportamento. Davam provas incessantes da sua verdadeira
humildade em fazer aquelas tarefas servis para os demais passageiros que nenhum
de nós suportaria; eles procuravam nos servir dessa forma e rejeitavam qualquer
remuneração, dizendo que era bom para os seus corações orgulhosos e que o seu
querido Salvador havia feito muito mais que isso por eles.
Cada
dia que passava lhes dava oportunidade de demonstrar uma meiguice que nenhuma
injúria poderia desafiar. Se alguém os empurrasse, batesse ou jogasse no chão,
eles se levantavam e saíam; mas nunca se ouviu qualquer queixa ou resposta nas
suas bocas. Agora se apresentaria uma oportunidade de ver se eles eram isentos
do espírito de medo da mesma forma que o eram do espírito de orgulho, ira e
vingança.
No
meio do salmo com que iniciaram a sua reunião, o mar se ergueu, despedaçou a
vela mestra, inundou o navio e as águas vieram jorrando sobre o convés como se
um grande abismo estivesse nos engolindo. Irromperam-se terríveis gritos e
uivos entre nós. Os morávios, porém continuavam a cantar tranqüilamente.
Perguntei
para um deles depois: "Você não estava com medo? Ele respondeu: “Graças a
Deus, não.” Perguntei ainda: "Mas não estavam amedrontadas as mulheres e
crianças?" Ele respondeu brandamente: "Não, nossas mulheres e
crianças não têm medo da morte."
Quando
ele voltou à Inglaterra, escreveu:
Eu
fui à América para converter os índios; mas quem há de me converter? Quem é que
me libertará deste coração mau de incredulidade? Tenho uma religião "de
tempo bom". Sei falar bem; sim, e tenho confiança em mim mesmo quando não
há perigo ao meu lado; mas venha a morte me enfrentar e meu espírito já se
perturba. Nem posso dizer: "O morrer é lucro!"
Em
Londres, Wesley procurou o conselho de um missionário morávio, Peter Bohler, e
logo após, converteu-se. Em menos de três semanas, ele estava viajando para a Alemanha
para conhecer o Conde Zinzendorf e passar um período de tempo em Herrnhut.
A
VIDA DO CONDE ZINZENDORF
O
Conde Zinzendorf, preparado tão maravilhosamente por Deus para treinar e guiar
a jovem igreja no caminho missionário, era marcado acima de tudo por um tenro,
simples e apaixonado amor para o nosso Senhor Jesus. Convertido com a idade de
quatro anos, ele escreveu naquela época: " Querido Salvador, sê meu e eu
serei Teu". Ele escolheu como o lema da sua vida:"Tenho apenas uma
paixão. É Jesus, Jesus somente".
O
amor expirante do Cordeiro de Deus havia conquistado e enchido o seu coração; o
amor que levou Jesus a morrer pelos pecadores havia entrado na sua vida. Ele
não tinha outro alvo a não ser viver e, se preciso, morrer também por esses
pecadores.
Quando
ele se encarregou de cuidar dos morávios, aquele amor foi o único motivo ao
qual ele recorria, o único poder no qual ele confiava, o único alvo para o qual
ele procurava conquistar as suas vidas. 0 que o ensinamento, argumentos e
disciplina nunca alcançariam, necessários e produtivos como fossem, o amor de
Cristo realizou! Fundiu todos em um só Corpo; implantou em todos o desejo de
abandonar tudo que fosse pecado Inspirou a todos com o anseio de testificar de
Jesus. Dispôs muitos a sacrificar tudo -- a fim de tornar aquele amor conhecido
a outros, alegrando dessa forma o coração de Jesus.
O
Conde Zinzendorf aprendera cedo o segredo da oração eficaz. Ele foi tão
diligente em estabelecer círculos de oração que quando deixou o colégio de
Halle, aos dezesseis anos de idade, entregou ao professor Francke uma lista de
sete grupos de oração.
CARACTERÍSTICAS
DOS MORÁVIOS
E
os seguidores que Deus havia dado a Zinzendorf ? O que havia neles que os
capacitava a tomarem a liderança das igrejas da Reforma ? Em primeiro lugar,
havia aquele desprendimento e desligamento do mundo e das suas esperanças, o
poder de perseverança e resistência, a confiança simples em Deus que a aflição
e perseguição são destinadas a produzir. Esses homens eram literalmente
estrangeiros e peregrinos na terra. Eram imbuídos do pensamento e Espírito de
sacrifício. Haviam aprendido a suportar dureza e dificuldades e a olhar para
Deus em cada problema.
Em
cada detalhe das suas vidas -- no negócio, no lazer, no serviço cristão, nos
deveres civis -- tomavam o Sermão da Montanha como lâmpada para os seus pés.
Consideravam o servir a Deus como o único motivo da vida e faziam todas as
demais coisas ocuparem um plano de segunda importância. Seus ministros e
presbíteros deveriam supervisionar o rebanho rara averiguar se todos estavam
realmente vivendo para a glória de Deus. Todos deveriam formar uma única
irmandade, auxiliando e encorajando-se mutuamente numa vida sossegada e
piedosa.
No
entanto havia algo mais que isso que emprestava à comunhão desses irmãos seu
poder tão maravilhoso. Era a intensidade da sua devoção e dedicação coletiva e
individual a Jesus Cristo, como Cordeiro de Deus que os comprara com o Seu
sangue.
Toda
a sua correção uns dos outros e a sua confissão voluntária do pecado com o
abandono do mesmo, vieram dessa fé no Cristo vivo, através do qual acharam na
seu coração a paz de Deus e a libertação do poder do pecado.
Essa
mesma fé os levava a aceitar, e a zelosamente guardar, sua posição de pobres
pecadores, salvos pela Sua graça, dia a dia. Essa fé, cultivada e fortalecida
diariamente pela comunhão na palavra, no cântico e na oração, transformou-se no
alvo das suas vidas. Essa fé os enchia com tanto gozo que seus corações
regozijavam no meio das maiores dificuldades, na certeza triunfante de que seu
Jesus, o Cordeiro que morrera por eles, e que agora estava amando-os,
salvando-os e guardando-os, minuto por minuto, poderia também conquistar o
coração mais endurecido e estava disposto a abençoar até mesmo o mais vir
pecador.
Em
1741 ocorreu algo que completou a organização da Igreja dos Irmãos e que selou
a sua característica central -- a devoção ao Senhor Jesus. Leonardo Dober havia
sido por alguns anos o principal presbítero da igreja. Ele e alguns outros
sentiam que seus dons peculiares o capacitavam mais para outro tipo de
ministério.
No
entanto, à medida que os irmãos do sínodo olhavam em redor, sentiam que seria
difícil em extremo encontrar uma pessoa capaz de tomar o seu lugar. No mesmo
instante veio o pensamento a muitos que poderiam pedir ao Salvador para ser o
Presbítero Principal da sua pequenina igreja, e como resposta à oração,
receberam a confiança de que Ele aceitara o cargo.
Seu
único desejo era que Ele fizesse tudo que o presbítero principal fazia até
aquela data -- que Ele os tomasse como a Sua propriedade peculiar, que Ele Se
preocupasse com cada membro individualmente, e cuidasse de todas as suas
necessidades. Prometeram amá-Lo e honrá-Lo, dar-Lhe a confiança dos seus
corações, e como crianças, ser guiados pela Sua mente e vontade.
Era
uma nova e aberta confissão do lugar que sempre haviam desejado que Cristo
ocupasse, não só na sua teologia e vidas pessoais, mas especialmente na Sua
igreja. A igreja havia chegado agora a maioridade.
A
história da igreja dos morávios foi contada como um exemplo. Nos primeiros
vinte anos da sua existência ela realmente enviou maior número de missionários
que toda a Igreja Protestante no mesmo período. Ela somente, entre todas as
igrejas, procurou realmente viver a verdade: "que congregar a Cristo as
almas pelas quais Ele morreu para salvar é o único objetivo pela qual a Igreja
existe". Ela somente procurou ensinar e treinar cada um dos seus membros a
considerar como seu primeiro dever para com Aquele que os amou: doar a sua vida
para torná-Lo conhecido a outros.
Podemos
identificar quatro princípios básicos ensinados pelo Espírito Santo nesta época
da Sua grande operação:
1.
Que a igreja existe para estender o Reino de Deus em toda a terra.
2.
Que cada membro deve ser treinado e preparado para participar deste propósito
glorioso.
3.
Que a experiência íntima do amor de Cristo é o poder que capacita para este
fim.
4.
Que a oração é o segredo, a fonte, de tudo isto.
A
“graça total” do nosso Senhor Jesus Cristo foi transmitida aos irmãos morávios
através de uma revelação do sangue do expirante Cordeiro de Deus. O resultado
foi o fogo do Espírito Santo, incendiando as suas vidas numa "dedicação
total" para a evangelização do mundo.
Oração
organizada, intensiva e perseverante trará hoje os mesmos resultados que trouxe
naquela época.
Que
o Espírito Santo, nestes dias de restauração em que estamos vivendo, faça-nos
arder de amor e paixão pelo Senhor Jesus, e transforme-nos numa igreja gloriosa
que O manifeste plenamente; e que assim os pecadores se convertam e se unam a
esta comunhão de amor de Deus Pai que temos no Seu Filho Jesus Cristo.
É
permitido baixar este arquivo, copiar, imprimir e distribuir este material,
desde que explicite a autoria do mesmo.
Os Irmãos Morávios
- Com o advento da Reforma do Século 16, os herdeiros de Jan Hus, os
“irmãos unidos”, abraçaram o protestantismo. Nessa época, eles contavam
com cerca de 400 igrejas locais e 150 a 200 mil membros na Boêmia e na
vizinha Morávia. Expulsos de sua pátria durante a Guerra dos
Trinta Anos (1618-1648), eles se espalharam por diversas regiões da Europa
e perderam muitos adeptos.
Guerra dos Trinta Anos
Um
ano especialmente amargo foi 1621, quando quinze irmãos foram decapitados no
chamado “dia de sangue”.
Muitos crentes foram mandados para as minas ou masmorras; igrejas foram
fechadas e escolas destruídas; Bíblias, hinários e catecismos foram queimados.
Os
poucos remanescentes continuaram a realizar as suas funções religiosas em
segredo e a orar pelo renascimento da sua igreja. Um importante líder
desse período aflitivo foi o notável educador Jan Amos Comenius (1592-1670),
eleito bispo dos irmãos morávios em 1632. Noventa anos mais tarde,
uma série de acontecimentos notáveis daria novos rumos e renovada vitalidade ao
movimento morávio.
Em
1722, sobreviventes dos irmãos unidos que falavam alemão, residentes no norte
da Morávia, começaram a buscar refúgio na vizinha Saxônia, sob a liderança de
um carpinteiro, Christian David.
jovem
conde Nikolaus Ludwig von Zinzendorf (1700-1760) permitiu que eles fundassem
uma vila em sua propriedade de Berthelsdorf, cerca de 110 km a leste de
Dresden.
O
conde Zinzendorf era fruto do pietismo, um influente movimento que havia
surgido recentemente no luteranismo alemão.
Esse movimento teve como líderes Phillip Jacob Spener
(1635-1705) e August Hermann Francke (1663-1727). Seu principal centro de
atividade era a cidade de Halle, também na Saxônia, a terra de Martinho
Lutero.
Os
pietistas davam grande ênfase à devoção, à experiência e aos sentimentos, em
contraste com a ortodoxia, credos e rituais. Também valorizavam a
conversão pessoal, o sacerdócio universal dos crentes, o estudo das Escrituras,
os pequenos grupos para comunhão e auxílio mútuo, bem como um cristianismo
prático voltado para educação, missões e beneficência.
Nascido
em uma família aristocrática, Zinzendorf recebeu uma educação
pietista em Halle dos dez aos dezessete anos. Desde a infância
revelou uma intensa devoção pessoal a Cristo e mesmo depois de ingressar no
serviço público, em 1721, continuou a ter como interesse predominante o cultivo
da “religião do coração”.
Liderança de Zinzendorf
Foi
então que Zinzendorf entrou em contato com os morávios. De início lhes deu
pouca atenção, porém em 1727 começou a assumir a liderança espiritual desse
grupo. Superadas algumas divisões iniciais, no dia 13 de agosto de
1727 foi realizado um marcante culto de comunhão que veio a ser considerado o
renascimento da antiga Unitas Fratrum, a Igreja Morávia renovada. A partir
de então, Herrnhut tornou-se uma disciplinada e fervorosa comunidade cristã, um
corpo de soldados de Cristo ansioso em promover a sua causa no país e no
exterior.
Embora
Zinzendorf desejasse que os morávios permanecessem como membros da igreja
estatal da Saxônia (luterana), gradualmente eles formaram uma igreja
separada.
Em 1745 a
Igreja Morávia já estava plenamente organizada com seus bispos, presbíteros e
diáconos, embora seu governo fosse, e ainda seja, mais presbiteriano que
episcopal.
A
essa altura o moravianismo estava criando uma liturgia de grande beleza e uma
rica tradição hinológica.A Igreja Morávia restaurada permaneceu pequena, mas
sua influência se fez sentir em toda a Europa. Seus primeiros bispos
foram David Nitschmann (1735) e o próprio Zinzendorf (1737),
que após uma vida de intensa atividade missionária e pastoral na Europa e na
América do Norte faleceu em Herrnhut em 1760.
Certa
vez ele havia declarado, referindo-se a Cristo: “Eu tenho uma paixão; é ele e
ele somente”.
ESTATISTICAS MORAVIOS
Durante
os próximos 150 anos enviaram 2170 missionários a diferentes
campos estrangeiros. O relatório de 1930 fala de 136 lugares
principais alcançados onde residiam 366 missionários. 2442
obreiros nacionais, ainda em 1930 feles contabilizaram 75 mil
cristãos batizados e mais de 35 mil alunos em
seus seminários. Enquanto em média as igrejas protestantes enviavam 1
missionário em cada 2000 ou 3000 mil membros, os morávios enviou 1 missionário
em cada 92 membros.
Aplicação para a igreja de hoje
Sem
dúvida, sua influência missiológica acarretou em atividade de missionários em
diversos campos estrangeiros, sua força então, sempre em preocupação com a vida
dos irmãos, a educação religiosa e sua devoção são a causa de uma igreja ativa,
isso não só visto pelos morávios, mas também pelos pietistas, pois,Zinzendorf com
suas raízes pietistas, não deixou de assumir um compromisso de disciplina,
fervor na obra e na comunidade cristã, espalhando assim sua causa no país e no
exterior.
As
igrejas de hoje, estão preocupadas com suas doutrinas, seus interesses, seus
templos, e o amor com missões, são mostrados através do envio do dinheiro,
quando se precisa de missionários no campo, pessoas comprometidas com as vidas
tanto no seu país quanto no exterior.
Sem dúvida, é muito bom não passarmos por perseguições como os
morávios passaram, mas essa perseguição gerou um sentimento de perseverança e
necessidade de proclamar o evangelho, Deus pode utilizar isso para acordar sua
igreja hoje.
UMA IGREJA MISSIONÁRIA PIONEIRA
Sessenta
anos antes de Carey partir para a Índia e 150 anos antes de Hudson Taylor
desembarcar na China, dois homens, Leonard Dober, um oleiro, e David
Nitschmann, um carpinteiro, desembarcaram na ilha de São Tomé nas Antilhas,
para tornar conhecido o evangelho de Jesus Cristo. Eles partiram em 1732 de uma
pequena comunidade cristã nas montanhas da Saxônia, na Europa central, como os
primeiros missionários dos Irmãos Morávios que nos 20 anos seguintes penetraram
na Groenlândia (1733), nos territórios dos índios norte-americanos (1734), no
Suriname (1735), na África do Sul (1736), entre os samoiedas do Ártico (1737),
na Argélia e no Ceilão, atual Sri Lanka (1740), na China (1742), na Pérsia
(1747), na Abissínia e no Labrador (1752).
Este
foi apenas um começo. Nos primeiros 150 anos de seus esforços, a comunidade
Moravia enviou nada menos do que 2.158 dos seus membros para o estrangeiro! Nas
palavras de Stephen Neill: “Esta pequena igreja foi tomada de uma paixão missionária
que jamais a abandonou”.A Unitas Fratum (Irmãos Unidos), como eram chamados,
deixou um Testamento, e faríamos bem se examinássemos novamente as
características principais deste movimento e aprendêssemos as lições que Deus
tem para nós.
OBEDIÊNCIA ESPONTÂNEA
A
obediência missionária dos Irmãos Morávios era essencialmente alegre e
espontânea antes de tudo. “A reação de um organismo sadio à lei de sua vida”,
para citar as palavras de Harry Bôer. A fonte de seu impulso inicial veio como
resultado de um profundo movimento do Espírito de Deus que aconteceu entre um
pequeno grupo de crentes exilados. Eles fugiram da perseguição por parte dos
anti-Reformistas na Boêmia e Moravia, durante o século XVII, abrigando-se em
uma propriedade de Berthesdorf, a convite de Nicolas Zinzendorf, um nobre
evangélico luterano.
Sob
os acordes do Salmo 84, em 1722 Christian David (que mais tarde viria a ser um
missionário no estrangeiro) derrubou a primeira árvore no local onde os
morávios iam edificar sua colônia,m a qual recebeu o nome de Herrnhut (“Atalaia
do Senhor”). Cinco anos mais tarde, tão profundamente avançariam as novas ondas
da graça e do amor de Deus entre os morávios que um deles escreveu: ‘O lugar
todo parecia um verdadeiro tabernáculo de Deus entre os homens. “Não se via nem
se ouvia nada além de gozo e alegria”.
Eram
os preparativos divinos para tudo o que viria a seguir. Desafiados por um
encontro com Anton, escravo africano da ilha de São Tomé, que fora à Dinamarca
para a coroação do rei Cristiano VI, Dober e Nitschmann ofereceram-se como
voluntários, tendo sido nomeados. Essa foi para eles uma expressão natural da
vida e obediência cristãs.
O
Dr. A.C. Thompson, um dos principais historiadores do início das missões
Morávios e que viveu no século XIX, escreveu: “O dever de evangelizar os pagãos
está tão profundamente alojado no pensamento atual que o fato de alguém entrar
pessoalmente nessa obra não cria qualquer surpresa... Não é considerada como
luma coisa que exija ampla proclamação, como se estivesse acontecendo algo
prodigioso ou mesmo fora do comum”.
Que
contraste com o trabalho árduo para despertar o interesse que caracteriza tanto
o cenário do envio de missionários hoje! O Rev. Ignatius Latrobe, ex-secretário
das missões Morávios no Reino Unido durante o século passado, escreveu:
“Achamos que é um grande erro apresentar os missionários, depois de sua
nomeação, à notoriedade e admiração públicas e elogiar bastante a sua devoção
ao Senhor, apresentando-os às igrejas como mártires e perseguidos antes de eles
partirem para o seu trabalho. Nós preferimos aconselha-los a partir
silenciosamente, recomendando-os às fervorosas orações da igreja...” Nenhum
aparato, nenhuma apresentação de heróis no púlpito, nenhuma publicidade, mas um
desejo ardente e discreto de tornar Cristo conhecido onde quer que o Seu nome
não tenha sido mencionado. Isto permeou a vida e liturgia da igreja Moravia, de
modo que, por exemplo, uma grande porção de orações em público e dos hinos
subseqüentes se ocuparam desse assunto.
Em
segundo lugar, este zelo crescente tinha por motivação primeira um amor e uma
paixão profundos e constantes por Cristo, algo que se expressou na vida do
próprio Zinzendorf. Nascido em 1700 na nobreza da Áustria, ele esteve desde
cedo sob influência familiar piedosa e logo aceitou Cristo como Salvador. Seu
interesse missionário precoce ficou evidenciado quando no tempo de estudante
fundou junto com um amigo o que ele chamava de “Ordem do Grão de Mostarda”,
para a propagação do reino de Cristo no mundo.
Ele
veio a ser não apenas o hospedeiro, mas também o primeiro líder dos crentes
morávios e fez visitas pessoais ao exterior no interesse do evangelho. “Eu
tenho luma paixão e esta paixão é Ele, apenas Ele” foi o acorde principal de
sua vida, tendo soado através dos mais de 2.000 hinos que escreveu.
William
Wilberforce, o grande reformador social evangélico inglês, escreveu o seguinte
sobre os morávios: “Eles constituem um corpo que talvez tenha ultrapassado toda
a humanidade em provas sólidas e inequívocas de amor a Cristo e em um zelo
ardente e ativo no seu serviço. É um zelo temperado de prudência, suavizado
pela mansidão e sustentado por uma coragem que nenhum perigo pode intimidar e
por uma certeza tranqüila que nenhuma dificuldade pode exaurir”. Precisamos hoje
de uma formulação teológica completa acerca de nossa motivação em missões e uma
compreensão adequada do que cremos. Mas se não houver um amor apaixonado por
Cristo no centro de tudo, só atravessaremos o mundo aos trancos e barrancos e
apenas fazendo barulho durante a passagem.
CORAGEM DIANTE DO PERIGO
Como
indicou Wilberforce, um aspecto adicional dos morávios foi que eles enfrentaram
as mais incríveis dificuldades e perigos com notável coragem. Eles aceitavam as
dificuldades como parte de sua identificação com o povo ao qual o Senhor os
enviava. As palavras de Paulo: “Fiz-me tudo para com todos” (1 Cor. 9.22), eram
pronunciadas de modo bem prático quase sem precedentes na história de missões.
A
maioria dos missionários partia como “fabricantes de tendas”, trabalhando em
sua profissão (a maioria deles era composta de artesãos e lavradores como Dober
e Nitschmann), de modo que as principais despesas envolvidas eram as de
enviá-los. Nas áreas onde o domínio dos brancos tinha criado a fachada da
superioridade racial, como por exemplo, na Jamaica e na África do Sul, a
maneira pela qual eles humildemente se submeteram ao trabalho braçal pesado era
por si mesma um testemunho de sua fé. Por exemplo, um missionário chamado
Monate ajudou a construir um moinho de milho no começo de sua obra na Província
Oriental na África do Sul, cortando as duas pesadas pedras de arenito ele
mesmo. Ao fazê-lo, não apenas deixou admirados os cafres entre os quais
trabalhava, mas também aproveitou a oportunidade para “conversar” com eles
sobre o evangelho enquanto trabalhava!
A
ida a lugares tais como o Suriname e as Antilhas significavam enfrentar
enfermidades e possível morte; os primeiros anos foram de inevitáveis baixas.
Na Guiana, por exemplo, 75 dos 160 primeiros missionários morreram de febres
tropicais, envenenamento e coisas parecidas. Homens como Andrew Rittmansberber
morreu seis meses depois de pisar a ilha. As palavras da estrofe de um hino
escrito por um dos primeiros missionários na Groenlândia expressam algo da
fibra de sua atitude: “Vamos, através do gelo lê da neve, uma pobre alma
perdida para Cristo ganhar. Alegres, enfrentamos a necessidade e a aflição para
o Cordeiro que foi morto apresentar”.
Os
morávios resolutamente dominaram novas línguas sem muitos dos recursos modernos
e vários deles se tornaram notavelmente influentes e capazes nesses idiomas.
Esse era o material de que esses homens eram feitos. É possível que tenhamos de
enfrentar hoje um padrão diferente de exigências, mas a necessidade de uma
medida semelhante de coragem concedida por Deus permanece a mesma. Será que a
nossa sociedade acomodada e próspera está produzindo homens e mulheres mais
frágeis?
TENACIDADE DE PROPÓSITO
Notamos
em último lugar que muitos missionários morávios demonstraram uma tenacidade de
propósito de categoria superior, embora se deva imediatamente acrescentar que
em certas ocasiões houve um afastamento precipitado demais diante de uma
situação particularmente problemática (como por exemplo o trabalho inicial
entre os aborígines na Austrália em 1854, que foi subitamente abandonado por
causa de conflitos locais provocados por uma corrida ao ouro).
Um
dos mais famosos missionários morávios, conhecido como “o Eliot do Ocidente”,
foi David Zeisberger. Desde 1735, ele trabalhou 62 anos entre as tribos huron e
outras. Numa determinada ocasião, depois de ter pregado sobre Isaias 64.8, numa
manhã de domingo em agosto de 1781, a igreja e suas dependências foram
invadidas por bandos de salteadores indígenas e nos incêndios que se seguiram,
Zeisberger perdeu todos os seus manuscritos das traduções das Escrituras, hinos
e anotações extensas sobre as línguas dos índios. Mas, tal como Carey, que iria
passar por uma perda semelhante na Índia anos mais tarde, Zeisberger abaixou a
cabeça em mansa submissão diante da providência soberana de Deus e reiniciou
seu trabalho.
Será
que temos falta de perseverança missionária hoje? Vamos reconhecer o valor do
trabalho dos missionários temporários e ver em muitos deles o propósito divino.
Onde se acham porém aqueles que estão prontos a “se afundarem” no exterior por
causa de Deus? Vamos considerar de frente os problemas tais como a educação dos
filhos e a mudança de estratégia missionária sob a direção do Senhor; mas para
os homens serem ganhos, os crentes bem alimentados espiritualmente, e as
igrejas encorajadas na plenitude da vida em Cristo, uma grande parte do “poder
missionário permanente” do tipo certo será necessário em alguns lugares.
Estes
morávios tiveram naturalmente suas fraquezas. Eles se concentraram mais na
evangelização do que na verdadeira implantação de igrejas locais e foram,
consequentemente, muito fracos no desenvolvimento da liderança cristã. Eles
centralizaram seu método no “posto missionário”, dando-lhes até toda uma porção
de nomes de lugares bíblicos, tais como Silo, Serepta, Nazaré, Belém, etc.
Desde que os primeiros missionários saíram diretamente da “bancada do
carpinteiro” por causa da natureza espontânea de sua obediência, eles careciam
de preparação adequada. De fato, foi só em 1869 que a primeira faculdade para
treinamento de missionários foi fundada em Nisky, a 30 quilômetros de Herrnhut.
Apesar
de tudo isto, as palavras de J. R. Winlick apresentam a lição profunda que
temos de aprender hoje dos morávios: “A igreja Moravia foi a primeira entre as
igrejas protestantes a tratar esta obra como uma responsabilidade de igreja
como um todo, em luar de deixa-la para as agências missionárias ou pessoas
especialmente interessadas. Eles eram na verdade um grupo pequeno, compacto e
unido.” Seria possível dizer então que uma estrutura missionária simples como a
possuída por eles era natural. Entretanto duvidamos que esta possa ser uma
desculpa para o baixo nível de interesse missionário que se manifesta em muitos
setores da igreja atualmente, ou para o complexo e geralmente competidor sistema
das sociedades missionárias com o qual lutamos hoje. Temos ouvidos para ouvir e
vontade para obedecer.
(Colin
A. Grant foi missionário no Sri Lanka durante doze anos, tendo sido enviado
pela Sociedade Missionária Batista Britânica. Ocupou o cargo de presidente da
Aliança Missionária Evangélica e secretário-geral na Inglaterra da União
Evangélica Sul Americana. Faleceu em 1976. Reimpresso com permissão de
Evangelical Missions Quartely (“Revista Trimestral sobre Missões Evangélicas”),
outubro de l976, volume 12, n 4 Publicada pelo Serviço Informativo de Missões
Evangélicas, Box 794, Wheaton, Illinois 6018, Estados Unidos). (NOTAS
FONTE Valmir Barbosa o9)
AVIVAMENTO DE MISSÕES NA INGLATERRA
PAI DE MISSÕES MODERNAS
GUILHERME CAREY(1761-1834)
(Notas,Herois da fé,Orlando Boyer,pp.95-102,cpad,Brasil)I
O
menino Guilherme Carey, era apaixonado pelo estudo da natureza. Enchia seu
quarto de coleções de insetos, flores, pássaros, ovos, ninhos, etc. Certo dia,
ao tentar alcançar um ninho de passarinhos, caiu de uma árvore alta. Ao
experimentar a segunda vez, caiu novamente. Insistiu a terceira vez: caiu e
quebrou uma perna. Algumas semanas depois, antes de a perna sarar, Guilherme
entrou em casa com o ninho na mão. - "Subiste à árvore novamente?!"
-exclamou sua mãe. - "Não pude evitar, tinha de possuir o ninho,
mamãe" - respondeu o menino.
Diz-se
que Guilherme Carey, fundador das missões atuais, não era dotado de
inteligência superior e nem de qualquer dom que deslumbrasse os homens.
Entretanto, foi essa característica de persistir, com espírito indômito e
inconquistável, até completar tudo quanto iniciara, que fez o segredo do
maravilhoso êxito da sua vida.
Quando
Deus o chamava a iniciar qualquer tarefa, permanecia firme, dia após dia, mês
após mês e ano após ano,até acabá-la. Deixou o Senhor utilizar-se de sua vida,
não somente para evangelizar durante um período de quarenta e um anos no
estrangeiro, mas também para executar a façanha por incrível que pareça, de
traduzir as Sagradas Escrituras em mais que trinta línguas.
O
avô e o pai do pequeno Guilherme eram sucessivamente professor e sacristão
(Igreja Anglicana) da Paróquia. Assim o filho aprendeu o pouco que o pai podia
ensinar-lhe. Mas não satisfeito com isso, Guilherme continuou seus estudos sem
mestre.
Aos
doze anos adquiriu um exemplar do Vocabulário Latino,por Dyche,. o
qual decorou. Aos quatorze anos iniciou a carreira como aprendiz de sapateiro.
Na loja encontrou alguns livros, dos quais se aproveitou para estudar. Assim
iniciou o estudo do grego. Foi nesse tempo que chegou a reconhecer que era um
pecador perdido, e começou a examinar cuidadosamente as Escrituras.
Não
muito depois da sua conversão, com 18 anos de idade, pregou o seu primeiro
sermão. Ao reconhecer que o batismo por imersão é bíblico e apostólico, deixou
a denominação a que pertencia. Tomava emprestados livros para estudar e,
apesar de viver em pobreza, adquiria alguns livros usados. Um de seus métodos
para aumentar o conhecimento de outras línguas, consistia em ler diariamente a
Bíblia em latim, em grego e em hebraico.
Com
a idade de vinte anos, casou-se. Porém os membros da igreja onde pregava eram
pobres e Carey teve de continuar seu ofício de sapateiro para ganhar o pão cotidiano.
O fato de o senhor Old, seu patrão, exibir na loja um par de sapatos fabricados
por Guilherme, como amostra, era prova da habilidade do rapaz.
Foi
durante o tempo que ensinava geografia em Moulton, que Carey leu o livro As
Viagens do Capitão Cook e Deus falou à sua alma acerca do estado
abjeto dos pagãos sem o Evangelho. Na sua tenda de sapateiro afixou na parede
um grande mapa-mundi, que ele mesmo desenhara cuidadosamente. Incluíra neste
mapa todos os dizeres disponíveis: o número exato da população, a flora e a
fauna, as características dos indígenas, etc., de todos os países.Enquanto
consertava sapatos, levantava os olhos, de vez em quando, para o mapa e
meditava sobre as condições dos vários povos e a maneira de os evangelizar. Foi
assim que sentiu mais e mais a chamada de Deus para preparar a Bíblia, para os
muitos milhões de indus, na própria língua deles.
A
denominação a que Guilherme pertencia, depois de aceitar o batismo por imersão,
achava-se em grande decadência espiritual. Isto foi reconhecido por alguns dos
ministros, os quais concordaram em passar "uma hora em oração na primeira
segunda-feira de todos os meses" pedindo de Deus um grande avivamento da
denominação. De fato esperavam um despertamento, mas, como acontece muitas
vezes, não pensaram na maneira em que Deus lhes responderia.
As
igrejas de então não aceitavam a idéia, que consideravam absurda, de levar o
Evangelho aos pagãos. Certa vez, numa reunião do ministério, Carey levantou-se
e sugeriu que ventilassem este assunto: O dever dos crentes em
promulgar o Evangelho às nações pagãs. O venerável presidente da
reunião, surpreendido, pôs-se em pé e gritou: "Jovem, sente-se! Quando
agradar a Deus converter os pagãos, ele o fará sem o seu auxílio, nem o
meu."
Porém
o fogo continuou a arder na alma de Guilherme Carey. Durante os anos que se
seguiram esforçou-se ininterruptamente, orando, escrevendo e falando sobre o
assunto de levar Cristo a todas as nações. Em maio de 1792, pregou seu
memorável sermão sobre Isaías 54.2,3: "Amplia o lugar da tua tenda, e as
cortinas das tuas habitações se estendam; não o impeças; alonga as tuas cordas,
e firma bem as tuas estacas. Porque transbordarás à mão direita e à esquerda; e
a tua posteridade possuirá as nações e fará que sejam habitadas as cidades
assoladas."
Discursou
sobre a importância de esperar grandes coisas de Deus e, em seguida, enfatizou
a necessidade de tentar grandes coisas para Deus.
O
auditório sentiu-se culpado de negar o Evangelho aos países pagãos, a ponto de
"levantar as vozes em choro." Foi então organizada a primeira
sociedade missionária na história das igrejas de Cristo para a pregação do
Evangelho entre os povos nunca evangelizados. Alguns como Brainerd, Eliot
e Schwartz já tinham ido pregar em lugares distantes, mas sem que as igrejas se
unissem para sustentá-los.
Apesar
de a sociedade ser o resultado da persistência e esforços de Carey, ele mesmo
não tomou parte na sua formação. O seguinte, porém, foi escrito acerca dele
nesse tempo:"Aí está Carey, de estatura pequena, humilde , quieto e
constante; tem transmitido o espírito missionário aos corações dos irmãos, e
agora quer que saibam da sua prontidão em ir onde quer que eles desejem, e está
bem contente que formulem todos os planos".
Nem
mesmo com esta vitória, foi fácil para Guilherme Carey concretizar o sonho de
levar Cristo aos países que jaziam nas trevas. Dedicava o seu espírito
indômito a alcançar o alvo que Deus lhe marcara.
A
igreja onde pregava não consentia que deixasse o pastorado: somente com a
visita dos membros da sociedade a ela é que este problema foi resolvido. No
relatório da igreja escreveram: "Apesar de concordar com ele, não achamos
bom que nos deixe aquele a quem amamos mais que a nossa própria
alma."Entretanto, o que mais sentiu foi quando a sua esposa recusou
terminantemente deixar a Inglaterra com os filhos. Carey estava tão certo de
que Deus o chamava para trabalhar na Índia que nem por isso vacilou.
Havia
outro problema que parecia insolúvel: Era proibida a entrada de qualquer
missionário na Índia. Sob tais circunstâncias era inútil pedir licença para
entrar. Nestas condições, conseguiram embarcar sem esse documento. Infelizmente
o navio demorou algumas semanas e, pouco antes de partir, os missionários
receberam ordem de desembarcar.
A
sociedade missionária, apesar de tantos contratempos, continuou a confiar em
Deus; conseguiram granjear dinheiro e compraram passagem para a Índia em um
navio dinamarquês. Uma vez mais Carey rogou à sua querida esposa que o
acompanhasse. Ela ainda persistia na recusa e nosso herói, ao despedir-se dela,
disse: "Se eu possuísse o mundo inteiro, daria alegremente tudo pelo
privilégio de levar-te e os nossos queridos filhos comigo; mas o sentido do meu
dever sobrepuja todas as outras considerações. Não posso voltar para trás sem
incorrer em culpa a minha alma."
Porém,
antes de o navio partir, um dos missionários foi à casa de Carey. Grande foi a
surpresa e o regozijo de todos ao saberem que esse missionário conseguiu
induzir a esposa de Carey a acompanhar o seu marido. Deus comoveu o coração do
comandante do navio a levá-la em companhia dos filhos, sem pagar
passagem.
Certamente
a viagem a vela não era tão cômoda como nos vapores modernos. Apesar dos
temporais, Carey aproveitou-se do ensejo para estudar o bengali e ajudar um
dos missionários na obra de verter o livro de Gênesis para a língua
bengaleza.
Guilherme
Carey aprendeu suficiente o bengali, durante a viagem, para conversar com o
povo. Pouco depois de desembarcar, começou a pregar e os ouvintes vinham para
ouvir em número sempre crescente.Carey percebeu a necessidade imperiosa de o
povo possuir a Bíblia na própria língua e, sem demora, entregou-se à tarefa de
traduzi-la. A rapidez com que aprendeu as línguas da Índia é uma admiração para
os maiores lingüistas.
Ninguém
sabe quantas vezes o nosso herói se mostrou desanimadíssimo na Índia. A esposa
não tinha interesse nos esforços de seu marido e enlouqueceu. A maior parte dos
ingleses com quem Carey teve contato, o tinham como louco; durante quase dois
anos nenhuma carta da Inglaterra lhe chegou às mãos. Muitas vezes faltava aos
seus dinheiro e alimento. Para sustentar a família, o missionário tornou-se
lavrador da terra e empregou-se em uma fábrica de anil.
Durante
mais de trinta anos Carey foi professor de línguas orientais no colégio de Fort
Williams. Fundou também, o Serampore College para ensinar os obreiros. Sob a
sua direção, o colégio prosperou, preenchendo um grande vácuo na evangelização
do país.
Ao
chegar à Índia, Carey continuou os estudos que começara quando menino. Não
somente fundou a Sociedade de Agricultura e Horticultura, mas criou um dos
melhores jardins botânicos, redigiu e publicou o "Hortus
Bengalensis". O livro "Flora Índica", outra de suas obras, foi
considerada obra-prima por muitos anos.
Não
se deve concluir, contudo, que, para Guilherme Carey, a horticultura fosse mais
do que um passatempo. Passou, também, muito tempo ensinando nas escolas de
crianças pobres. Mas, acima de tudo, sempre lhe ardia no coração o desejo de se
esforçar na obra de ganhar almas.
Quando
um de seus filhos começou a pregar, Carey escreveu: "Meu filho, Félix,
respondeu à chamada para pregar o Evangelho". Anos depois, quando esse
filho aceitou o cargo de embaixador da Grã Bretanha no Sião, o pai, desapontado
e angustiado, escreveu para um amigo: "Félix encolheu-se até tornar-se um
embaixador!"
Durante
o período de quarenta e um anos, que passou na Índia, não visitou a Inglaterra.
Falava, embora com dificuldade, mais de trinta línguas da Índia, dirigia a
tradução das Escrituras em todas elas e foi apontado ao serviço árduo de
tradutor oficial do governo. Escreveu várias gramáticas indianas e compilou
notáveis dicionários dos idiomas bengali, marati e sânscrito. O dicionário do
idioma bengali consta de três volumes e inclui todas as palavras da língua,
traçadas até a sua origem e definidas em todos os seus sentidos.
Tudo
isto era possível porque sempre economizava o tempo, segundo se deduz do que
escreveu seu biógrafo:"Desempenhava estas tarefas hercúleas sem pôr em
risco a sua saúde, aplicando-se metódica e rigorosamente ao seu programa de
trabalho, ano após ano. Divertia-se, passando de uma tarefa para outra. Dizia
que se perde mais tempo, trabalhando inconstante e indolentemente do que nas
interrupções de visitas. Observava, portanto, a norma de entrar, sem vacilar,
na obra marcada e de não deixar coisa alguma desviar a sua atenção para
qualquer outra coisa durante aquele período."O seguinte escrito pedindo
desculpas a um amigo pela demora em responder-lhe a carta, mostra como muitas
das suas obras avançavam juntas:
"Levantei-me
hoje às seis, li um capítulo da Bíblia hebraica; passei o resto do tempo, até
às sete, em oração. Então assisti ao culto doméstico em bangali, com os criados.
Enquanto esperava o chá, li um pouco em persa com um munchi que me esperava; li
também, antes de comer, uma porção das Escrituras em industani. Logo depois de
comer sentei-me, com um pundite que me esperava, para continuar a tradução do
sânscrito para o ramayuma. Trabalhamos até as dez horas, quando então fui ao
colégio para ensinar até quase as duas horas. Ao voltar para casa, li as provas
da tradução de Jeremias em bengali, só findando em tempo para jantar. Depois
do jantar, traduzi, ajudado pelo pundite chefe do colégio, a maior parte do
capítulo oito de Mateus em sânscrito. Nisto fiquei ocupado até as seis. Depois
das seis assentei-me com um pundite de Telinga, para traduzir do sânscrito
para a língua dele. Às sete comecei a meditar sobre a mensagem para um sermão e
preguei em inglês, às sete e meia. Cerca de quarenta pessoas assistiram ao
culto, entre as quais, um juiz do Sudder Dewany'dawlut. Depois do culto, o juiz
contribuiu com 500 rupias para a construção de um novo templo. Todos os que
assistiram ao culto tinham saído às nove horas; sentei-me para traduzir o
capítulo onze de Ezequiel para o bengali. Findei às onze, e agora estou
escrevendo esta carta. Depois, encerrei o dia com oração. Nzo há dia em que
disponha de mais tempo do que isto, mas o programa varia."
Com
o avançar da idade, seus amigos insistiam em que diminuísse os seus esforços,
mas a sua aversão à inatividade era tal, que continuava trabalhando mesmo
quando a força física não dava para a necessária energia mental. Por fim,
viu-se obrigado a ficar de cama, onde continuava a corrigir as provas das
traduções.
Finalmente,
em 9 de junho de 1834, com a idade de 73 anos, Guilherme Carey dormiu em
Cristo.A humildade era uma das características mais destacadas da sua vida.
Conta-se que, no zênite da fama, ouviu certo oficial inglês perguntar
cinicamente: - "O grande doutor Carey não era sapateiro?" Carey, ao
ouvir casualmente a pergunta, respondeu: "- Não, meu amigo, era apenas um
remendão."
Quando
Guilherme Carey chegou à Índia, os ingleses negaram-lhe permissão para
desembarcar. Ao morrer, porém, o governo mandou içar as bandeiras a meia haste
em honra de um herói que fizera mais para a Índia do que todos os generais
britânicos.Calcula-se que traduziu a Bíblia para a terça parte dos habitantes
do mundo. Assim escreveu um de seus sucessores, o missionário Wenger:
"Não sei como Carey conseguiu fazer nem a quarta parte das suas traduções.
Faz cerca de vinte anos (em 1855), que alguns missionários, ao apresentarem o
Evangelho no Afeganistão (país da Ásia central), acharam que a única versão que
esse povo entendia era o Pushtoo, feita em Sarampore por Carey."
O
corpo de Guilherme Carey descansa, mas a sua obra continua a servir de bênção a
uma grande parte do mundo.
MAIS
ASSUNTOS:WWW.PENTECOSTALTEOLOGIA.BLOGSPOT.COM
George Whitefeld Pregador ao ar
livre (1714-1770)
Fonte(Orlando
Boyer,Herois da fé,cpad,1985,pp.73-84)
Mais
de 100 mil homens e mulheres rodeavam o pregador, há mais de duzentos anos, em
Cambuslang, Escócia. As palavras do sermão, vivificadas pelo Espírito Santo, ouviam-se
distintamente em todas as partes que formavam esse mar humano. É-nos difícil
fazer uma idéia do vulto da multidão de 10 mil penitentes que
responderam ao apelo para se entregarem ao Salvador. Estes acontecimentos servem-nos
como um dos poucos exemplos do cumprimento das palavras de Jesus: "Na
verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as
obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque vou para meu
Pai" (João 14.12).
Havia
"como um fogo ardente encerrado nos ossos" deste pregador, que era
Jorge Whitefield. Ardia nele um zelo santo de ver todas as pessoas libertas da
escravidão do pecado. Durante um período de vinte e oito dias fez a incrível
façanha de pregar a 10 mil pessoas diariamente. Sua voz se ouvia perfeitamente
a mais de um quilômetro de distância, apesar de fraco de físico e de sofrer dos
pulmões.Não havia prédio no qual coubessem os auditórios e, nos países onde
pregou, armava seu púlpito nos campos, fora das cidades. Whitefield merece o
título de príncipe dos pregadores ao ar livre, porque pregava
em média dez vezes por semana, e isso fez durante um período de trinta e quatro
anos, em grande parte sob o teto construído por Deus -os céus.
A
vida de Jorge Whitefield era um milagre. Nasceu em uma taberna de bebidas
alcoólicas. Antes de completar três anos, seu pai faleceu. Sua mãe casou-se
novamente, mas a Jorge foi permitido continuar os estudos na escola. Na pensão
de sua mãe, fazia a limpeza dos quartos, lavava roupa e vendia bebidas no bar.
Estranho que pareça e apesar de não ser salvo, interessava-se grandemente pela
leitura das Escrituras, lendo a Bíblia até alta noite preparando
sermões. Na escola era conhecido como orador: Sua eloqüência era
natural e espontânea, um dom extraordinário de Deus, dom que possuía sem ele
mesmo saber.
Custeou
os próprios estudos em Pembroke College, Oxford, servindo como garçom em um
hotel. Depois de estar algum tempo em Oxford, ajuntou-se ao grupo de estudantes
a que pertenciam João e Carlos Wesley. Passou muito tempo, como os demais do
grupo, jejuando e esforçando-se para mortificar a carne, a fim de alcançar a
salvação, sem compreender que "a verdadeira religião é a união da alma com
Deus e a formação de Cristo em nós."
Acerca
da sua salvação, escreveu algum tempo antes de morrer: "Sei o lugar
onde... Todas as vezes que vou a Oxford, sinto-me impelido a ir primeiro a
este lugar onde Jesus se revelou a mim, pela primeira vez, e me deu o novo
nascimento".
Com
a saúde abalada, talvez pelo excesso de estudo, Jorge voltou a casa para
recuperá-la. Resolvido a não cair no indiferentismo, inaugurou uma classe
bíblica para jovens que, como ele, desejavam orar e crescer na graça de Deus.
Visitavam diariamente os doentes e os pobres e, freqüentemente, os
prisioneiros nas cadeias, para orarem com eles e prestarem-lhes qualquer
serviço manual que pudessem. Jorge tinha no coração um plano que consistia em
preparar cem sermões e apresentar-se para ser separado para o ministério.
Porém quando havia preparado apenas um sermão, seu zelo era tanto, que a igreja
insistia em ordená-lo, tendo penas vinte e um anos apesar de ser regra não
aceitar ninguém para tal cargo, com menos de 23 anos.
O
dia antes da sua separação para o ministério, passou-o em jejum e oração.
Acerca desse fato, ele escreveu: "À tarde, retirei-me para um alto, perto
da cidade, onde orei com instância durante duas horas, pedindo a meu favor e
também por aqueles que estavam para ser separados comigo. No domingo,
levantei-me de madrugada e orei sobre o assunto da epístola de Paulo a Timóteo,
especialmente sobre o preceito: 'Ninguém despreze a tua mocidade'. Quando
o ancião me impôs as suas mãos, se meu vil coração não me engana, ofereci todo
o meu espírito, alma e corpo para o serviço no santuário de Deus... Posso
testificar; perante os céus e a terra, que dei-me a mim mesmo, quando o ancião
me impôs as mãos, para ser um mártir por aquele que foi pregado na cruz em meu
lugar".
Os
lábios de Whitefield foram tocados pelo fogo divino do Espírito Santo na
ocasião da sua separação para o ministério. No domingo seguinte, naquela época
de gelo espiritual, pregou pela primeira vez. Alguns se queixaram de que
quinze dos ouvintes enlouqueceram ao ouvirem o sermão. O ancião, porém,
compreendendo o que se passava, respondeu que seria muito bom, se os quinze não
se esquecessem da sua "loucura" antes de chegar o outro domingo.
Whitefield
nunca se esqueceu nem deixou de aplicar a si as seguintes palavras do Doutor
Delaney: "Desejo, todas as vezes que subir ao púlpito, considerar essa
oportunidade como a última que me é dada de pregar, e a última dada ao povo de
ouvir". Alguém assim escreveu sobre uma de suas pregações: "Quase
nunca pregava sem chorar e sei que as suas lágrimas eram sinceras. Ouvi-o
dizer: 'Vós me censurais porque choro. Mas, como posso conter-me, quando não
chorais por vós mesmos, apesar das vossas almas mortais estarem a beira da
destruição? Não sabeis se estais ouvindo o último sermão, ou não, ou se jamais
tereis outra oportunidade de chegar a Cristo!" Chorava, às vezes, até parecer
que estava morto e custava a recuperar as forças. Diz-se que os corações da
maioria dos ouvintes eram derretidos pelo calor intenso de seu espírito, como
prata na fornalha do refinador.
Quando
estudante no colégio de Oxford, seu coração ardia de zelo e pequenos grupos de
alunos se reuniam no seu quarto, diariamente; eles eram movidos, como os
discípulos logo depois do derramamento do Espírito Santo, no Pentecoste. O
Espírito continuou a operar poderosamente nele e por ele durante o resto da sua
vida, porque nunca abandonou o costume de buscar a presença de Deus. Dividia o
dia em três partes: oito horas sozinho com Deus e em estudos, oito horas para
dormir e as refeições, oito horas para o trabalho entre o povo. De joelhos,
lia, e orava sobre as leituras das Escrituras e recebia luz, vida e poder. Lemos
que numa das suas visitas aos Estados Unidos, "passou a maior parte da
viagem a bordo, sozinho em oração". Alguém escreveu sobre ele: "Seu
coração encheu-se tanto dos céus que anelava por um lugar onde pudesse
agradecer a Deus; e sozinho, durante horas, chorava comovido pelo amor
consumidor do seu Senhor". Suas experiências no ministério confirmavam a
sua fé na doutrina do Espírito Santo, como o Consolador ainda vivo, o poder de
Deus operando atualmente entre nós.
A
pregação de Jorge Whitefield era feita de forma tão vivida que parecia quase
sobrenatural. Conta-se que, certa vez pregando a alguns marinheiros, descreveu
um navio perdido num furacão. Tudo foi apresentado em manifestações tão reais
que, quando chegou ao ponto de descrever o barco afundando, alguns marinheiros
pularam dos assentos, gritando: "Às baleeiras! Às baleeiras!". Em
outro sermão falou acerca dum cego andando na direção dum precipício
desconhecido. A cena foi tão real que, quando o pregador chegou ao ponto de
descrever a chegada do cego à beira do profundo abismo, o camareiro-mor,
Chesterfield, que assistia, deu um pulo gritando: "Meu Deus! ele desapareceu!"
O
segredo, porém, da grande colheita de almas salvas não era a sua maravilhosa
voz nem a sua grande eloqüência. Não era também porque o povo tivesse o
coração aberto para receber o Evangelho, porque era tempo de grande decadência
espiritual entre os crentes.
Também
não foi porque lhe faltasse oposição. Repetidas vezes Whitefield pregou nos
campos, porque as igrejas fecharam-lhe as portas. Às vezes nem os hotéis
queriam aceitá-lo como hóspede. Em Basingstoke foi agredido a pauladas. Em
Staffordshire atiraram-lhe torrões de terra. Em Moorfield destruíram a mesa que
lhe servia de púlpito e arremessaram contra ele o lixo da feira. Em Evesham, as
autoridades, antes de seu sermão, ameaçaram prendê-lo, se pregasse. Em Exeter,
enquanto pregava a dez mil pessoas, foi apedrejado de tal forma que pensou
haver chegado para ele a hora, como o ensangüentado Estevão, de ser
imediatamente chamado à presença do Mestre. Em outro lugar, apedrejaram-no
novamente, até ficar coberto de sangue. Verdadeiramente levava no corpo, até a
morte, as marcas de Jesus.
O
segredo de tais frutos na sua pregação era o seu amor para com Deus. Quando
ainda muito novo, passava noites inteiras lendo a Bíblia, que muito amava.
Depois de se converter, teve a primeira daquelas experiências de sentir-se
arrebatado, ficando a sua alma inteiramente aberta, cheia, purificada,
iluminada da glória e levada a sacrificar-se, inteiramente, ao seu Salvador.
Desde então nunca mais foi indiferente em servir a Deus, mas regozijava-se no
alvo de trabalhar de toda a sua alma, e de todas as suas forças, e de todo seu
entendimento. Só achava interesse nos cultos e escreveu para sua mãe que nunca
mais voltaria ao seu emprego. Consagrou a vida completamente a Cristo. E a
manifestação exterior daquela vida nunca excedia a sua realidade
interior, portanto, nunca mostrou cansaço nem diminuiu a marcha
durante o resto de sua vida.
Apesar
de tudo, ele escreveu: "A minha alma era seca como o deserto. Sentia-me
como encerrado dentro duma armadura de ferro. Não podia ajoelhar-me sem estar
tomado de grandes soluços e orava até ficar molhado de suor... Só Deus sabe
quantas noites fiquei prostrado, de cama, gemendo, por causa do que sentia, e
ordenando, em nome de Jesus, que Satanás se apartasse de mim. Outras vezes passei
dias e semanas inteiros prostrado em terra, suplicando para ser liberto dos
pensamentos diabólicos que me distraíam. Interesse próprio, rebelião, orgulho
e inveja me atormentavam, um após outro, até que resolvi vencê-los ou morrer.
Lutei até Deus me conceder vitória sobre eles".
Jorge
Whitefield considerava-se um peregrino errante no mundo,
procurando almas. Nasceu, criou-se e diplomou-se na Inglaterra. Atravessou o
Atlântico treze vezes. Visitou a Escócia quatorze vezes. Foi ao País de Gales
várias vezes. Visitou uma vez a Holanda. Passou quatro meses em Portugal. Nas
Bermudas, ganhou muitas almas para Cristo, como nos demais lugares onde
trabalhou.
Acerca
do que sentiu em uma das viagens à colônia da Geórgia, Whitefield escreveu:
'Foram-me concedidas manifestações extraordinárias do alto. Cedo de manhã, ao
meio-dia, ao anoitecer e à meia-noite, de fato durante o dia inteiro, o amado
Jesus me visitava para renovar-me o coração. Se certas árvores perto de
Stonehourse pudessem falar, contariam acerca da doce comunhão, que eu e
algumas almas amadas desfrutamos ali com Deus, sempre bendito. Às vezes, quando
de passeio, a minha alma fazia tais incursões pelas regiões celestes, que
parecia pronta a abandonar o corpo. Outras vezes sentia-me tão vencido pela
grandeza da majestade infinita de Deus, que me prostrava em terra e
entregava-lhe a alma, como um papel em branco, para Ele escrever nela o que
desejasse. De uma noite nunca me esquecerei. Relampejava excessivamente. Eu
pregara a muitas pessoas e algumas ficaram receosas de voltar a casa. Senti-me
dirigido a acompanhá-las e aproveitar o ensejo para as animar a se prepararem
para a vinda do Filho do homem. Oh! que gozo senti na minha alma! Depois de
voltar, enquanto alguns se levantavam das suas camas, assombrados pelos
relâmpagos que andavam pelo chão e brilhavam duma parte do céu até outra, eu
com mais um irmão ficamos no campo adorando, orando, exultando ao nosso Deus e
desejando a revelação de Jesus dos céus, uma chama de fogo!"
-
Como se pode esperar outra coisa a não ser que as multidões, a quem Whitefield
pregava, fossem levadas a buscar a mesma Presença? Na sua biografia há um
grande número de exemplos como os seguintes: "Oh! quantas lágrimas foram
derramadas, com forte clamor, pelo amor do querido Senhor Jesus! Alguns
desmaiavam e quando recobravam as forças, ouviam e desmaiavam de novo. Outros
gritavam como quem sente a ânsia da morte. E depois de eu findar o último
discurso, eu mesmo senti-me tão vencido pelo amor de Deus que quase fiquei sem
vida. Contudo, por fim, revivi e, depois de me alimentar um pouco, estava
fortalecido bastante para viajar cerca de trinta quilômetros, até Nottingham.
No caminho, a alma alegrou-se cantando hinos. Chegamos quase à meia-noite;
depois de nos entregarmos a Deus em oração, deitamo-nos e descansamos na
proteção do querido Senhor Jesus. Oh! Senhor, jamais existiu amor como o
teu!"
Então
Whitefield continuou, sem cansar: "No dia seguinte em Fog's Manor, a
concorrência aos cultos foi tão grande como em Nottingham. O povo ficou tão
quebrantado que, por todos os lados, vi pessoas banhadas em lágrimas. A
palavra era mais cortante que espada de dois gumes e os gritos e gemidos
alcançavam o coração mais endurecido. Alguns tinham semblantes pálidos como a
palidez de morte; outros torciam as mãos, cheios de angústia; ainda outros
foram prostrados ao chão, ao passo que outros caíam e eram aparados nos braços
de amigos. A maior parte do povo levantava os olhos para os céus, clamando e
pedindo a misericórdia de Deus. Eu, enquanto os contemplava, só podia pensar
em uma coisa: o grande dia. Pareciam pessoas acordadas pela última trombeta,
saindo dos seus túmulos para o juízo."
"O
poder da presença divina nos acompanhou até Baskinridge, onde os arrependidos
choravam e os salvos oravam, lado a lado. O indiferentismo de muitos
transformou-se em assombro, e o assombro, depois, em grande alegria. Alcançou
todas as classes, idades e caracteres. A embriaguez foi abandonada por aqueles
que eram dominados por esse vício. Os que haviam praticado qualquer ato de
injustiça foram tomados de remorso. Os que tinham furtado foram constrangidos
a fazer restituição. Os vingativos pediram perdão. Os pastores ficaram ligados
ao seu povo por um vínculo mais forte de compaixão. O culto doméstico foi
iniciado nos lares. Os homens foram levados a estudar a Palavra de Deus e a
terem comunhão com o seu Pai, nos céus".
Mas
não foi somente os países populosos que o povo afluiu para o ouvir. Nos estados
Unidos, quando eram ainda um país novo, ajuntaram-se grandes multidões dos que
moravam longe um do outro, nas florestas. O famoso Benjamim Franklin, no seu
jornal, assim noticiou essas reuniões: "Quinta-feira o reverendo
Whitefield partiu de nossa cidade, acompanhado de cento e cinqüenta pessoas a
cavalo, com destino a Chester, onde pregou a sete mil ouvintes, mais ou menos.
Sexta-feira pregou duas vezes em Willings Town a quase cinco mil; no sábado, em
Newcastle, pregou a cerca de duas mil e quinhentas, e na tarde do mesmo dia,
em Cristiana Bridge, pregou a quase três mil; no domingo, em White Clay Creek,
pregou duas vezes (descansando uma meia hora entre os sermões a oito mil
pessoas, das quais, cerca de três mil, tinha vindo a cavalo. Choveu a maior
parte do tempo, porém, todos se conservaram em pé, ao ar livre".
Como
Deus estendeu a sua mão para operar prodígios por meio de seu servo, vê-se no
seguinte: Num estrado perante a multidão, depois de alguns momentos de oração
em silêncio, Whitefield anunciou de maneira solene o texto: "É ordenado
aos homens que morram uma só vez, e depois disto vem o juízo". Depois de
curto silêncio, ouviu-se um grito de horror, vindo dum lugar entre a multidão.
Um pregador presente foi até o local da ocorrência, para saber o que tinha acontecido.
Logo voltou e disse: - "Irmão Whitefield, estamos entre os mortos e os
que estão morrendo. Uma alma imortal foi chamada à eternidade. O anjo da
destruição está passando sobre o auditório. Clame em alta voz e.não
cesse". Então foi anunciado ao povo que um dentre a multidão havia
morrido. Então Whitefield leu a segunda vez o mesmo texto: "É ordenado
aos homens que morram uma só vez". Do local onde a Senhora Huntington
estava em pé, veio outro grito agudo. De novo, um tremor de horror passou por toda
a multidão quando anunciaram que outra pessoa havia morrido. Whitefield, porém,
em vez de ficar tomado de pânico, como os demais, suplicou graça ao Ajudador
invisível e começou, com eloqüência tremenda, a prevenir os impenitentes do
perigo. Não devemos concluir, contudo, que ele era ou sempre solene ou sempre
veemente. Nunca houve quem experimentasse mais formas de pregar do que ele.
Apesar
da sua grande obra, não se pode acusar Whitefield de procurar fama ou riquezas
terrestres. Sentia fome e sede da simplicidade e sinceridade divina. Dominava
todos os seus interesses e os transformava para glória do reino do seu
Senhor. Não ajuntou ao redor de si os seus convertidos para formar outra
denominação, como alguns esperavam. Não, apenas dava todo o seu ser, mas
queria "mais línguas, mais corpos, mais almas a usar para o Senhor
Jesus".
A
maior parte de suas viagens à América do Norte foram feitas a favor do
orfanato que fundara na colônia da Geórgia. Vivia na pobreza e esforçava-se
para granjear o necessário para o orfanato. Amava os órfãos ternamente,
escrevendo-lhes cartas e dirigindo-se a cada um pelo nome. Para muitas dessas
crianças, ele era o único pai, o único meio de elas terem o sustento. Fez uma
grande parte da sua obra evangelística entre os órfãos e quase todos permaneceram
crentes fiéis, sendo que um bom número deles se tornaram ministros do
Evangelho.
Whitefield
não era de físico robusto: desde a mocidade sofria quase constantemente,
anelando, muitas vezes, partir e estar com Cristo. A maior parte dos
pregadores acham impossível pregar quando estão enfermos como ele.
Assim
foi que, aos 65 anos de idade, durante sua sétima viagem à América do Norte,
findou a sua carreira na Terra, uma vida escondida com Cristo em Deus e
derramada num sacrifício de amor pelos homens. No dia antes de falecer, teve
de esforçar-se para ficar em pé. Porém, ao levantar-se, em Exeter, perante um
auditório demasiado grande para caber em qualquer prédio, o poder de Deus veio
sobre ele e pregou, como de costume, durante duas horas. Um dos que assistiram
disse que "seu rosto brilhava como o sol". O fogo aceso no seu
coração no dia de oração e jejum, quando da sua separação para o ministério,
ardeu até dentro dos seus ossos e nunca se apagou (Jeremias 20.9).Certo homem
eminente dissera a Whitefield: "Não espero que Deus chame o irmão, breve,
para o lar eterno, mas quando isso acontecer, regozijar-me-ei ao ouvir o seu
testemunho". O pregador respondeu: "Então ficará desapontado;
morrerei calado. A vontade de Deus é dar-me tantos ensejos para testificar
dele durante minha vida, que não me serão dados outros na hora da morte".
E
sua morte ocorreu como predissera.Depois do sermão, em Exeter, foi a
Newburyport para passar a noite na casa do pastor. Ao subir para o quarto de
dormir, virou-se na escada e, com a vela na mão, proferiu uma curta mensagem
aos amigos que ali estavam e insistiam em que pregasse.
Às
duas horas da madrugada acordou. Faltava-lhe o fôlego e pronunciou para o seu
companheiro as suas últimas palavras na Terra: "Estou morrendo".
No
seu enterro, os sinos das igrejas de Newburyport dobraram e as bandeiras
ficaram a meia-haste. Ministros de toda a parte vieram assistir aos funerais;
milhares de pessoas não conseguiram chegar perto da porta da igreja, por causa
da imensa multidão. Conforme seu pedido, foi enterrado sob o púlpito da igreja.
Se
quisermos os mesmos frutos de ver milhares salvos, como Jorge Whitefield os
teve, temos de seguir o seu exemplo de oração e dedicação.- Alguém pensa que é
tarefa demais? Que diria Jorge Whitefield, junto, agora, com os que levou a
Cristo, se lhe fizéssemos essa pergunta?
AVIVAMENTO NOS ESTADOS UNIDOS
Historia do Avivamento nos Estados Unidos
INTRODUÇÃO GERAL
Na
América do Norte,o Segundo Grande avivamento (1880-1861)foi uma resposta ao
racionalismo a industrialização.As pregações reavivalistas e a piedade pessoal
grassavam no novo país.Quase todas as denominações se reuniram em campanhas e
as conversões ocorriam aos milhares.Os acampamentos tornaram-se lugares
permanebtes de cultos e depois em centros de conferencias biblicas,alguns
dos quais até hoje.Charles Finey foi o evangelista de maior destaque naqueles
tempos.Ele mudou a forma de evangelização,adaptandoa ao ministério urbano.Mais
tarde,no mesmo seculo,Dwight L. Moody empregaria as tecnicas de avivamento de
Finey e acrescentaria a colportagem (distribuição de literatura de porta a
porta)e a fundação de varias instituições educacionais,das quais a mais conhecidas
é o (Instituto Biblico Moody em Chicago).(notas,manual biblico
Halley,pp.795,2000).
Por
volta de 1789,a influencia do grande avivamento tinha sensivelmente
diminuido por causa do deismo levado ás colonias pelos oficiais do exércitos
inglês na guerra Francesa e indiana,e por força da entrega da literatura deista
e da influencia deixada pela revolução Francesa.A universidade de Yale ilustra
a decadente desta época.Poucos estudantes eram regenerados,jogo,a
irreverencia,o vicio e a embriagues eram comuns entre os estudantes,que se
orgulhavam de serem incrédulos.O segundo avivamento ,que mergulhou este
deprimente,quadro,foi o primeiro de muitos avivamentos do seculo 20.A partir da
revolução Americana,até a primeira guerra mundial,os Estados Unidos foram moldados
por um tipo de protestantismo rural,no qual o protestantismo era em maioria.Com
o crescimento do catolicismo romano,devido á imigração após guerra civil,os
Estados Unidos têm se tornado mais pluralista e,mesmo,seculares,em sua vida
cristã.O protestantismo perdeu a força como era nos seculos
passados.(notas,C.Carins,hist.da igreja,pp.397,1984).
PRIMEIRA FASE DO AVIVAMENTO NOS
ESTADOS UNIDOS
Em
1787,um movimento reavivacionista começou em Hamppen-Sidney,uma pequena
universidade da Virginia.Este reavivamento,que despertou o interesse dos
estudantes para sua condição espiritual,chegou ao Washinton College e,dai,a
igreja Presbiteriana do sul.A fase congregacional do avivamento na nova
inglaterra começou em Yale,em 1802,sob a liderança do seu reitor,Timothy
Dwight(1752-1817),cujasmenssagens simples e profundas,pregadas na capela,sobre
a incredulidade e a biblia acabaram com a propalada incredulidade dos alunos.Um
terço do corpo discente converteu-se no periodo do reavivamento,que chegou á
Dartmouth,á Williams e a outras universidades.Outro despertamento ocorreu mais
tarde,em Yale.Assim,os reavivamentos leste começaram nas
universidades.(notas,ibid,pp.397).
OS GRANDES AVIVAMENTOS NA AMÉRICA
Com
a colonização anglo-saxônica no norte continente americano ,criava-se uma
esperança de encontrar a rota marítima para as riquezas da asia ,matérias
primas ,bem como mercado para um comercio rentável ,poerem ,não obstante a
isso,muitos cristãos viram uma possibilidade de fugir da perseguição na pátria
mãe e outros ainda a possibilidade de falar de cristo a pessoas que jamais
tinham ouvido o evangelho.
O GRANDE
AVIVAMENTO /1703-1758/
O
inicio do seculo 18 foi marcado pelo declínio de fervor e moral nas colonias .A
nova geração não sentia o zelo e a piedade dos primeiros puritanos
peregrinos.Somente uma minoria inexpressiva frequentava as igrejas.Nesta época
de frieza e desanimo ,DEUS levantou um dinâmico jovem pastor chamado jonatas
edwars (1703-1738),homem de grande erudição e cheio do Espirito SANTO ,formo-se
precocemente em haye,aos 13 ANOS JA DOMINAVA O GREGO E ,HEBRAICO E OLATIM.Aos
17 anos tornou-se pastor de igreja congregacional em
NORTHAMPTON EM MASSACHUSSETS .Não obstante ler os seus sermões "pecadores
nas mãos de um DEUS irado",ilustra o poder com que pregava .James
packer diz 'que ele era dotado de um dom unico de fazer as idéias adquirirem
vida ,atravez da brilhante precisão com que as expunha .Podia
fazer duas horas parecerem 20 minutos".As menssagens de jonathas
desencadeavam um movimento espiritual poderoso na nação que ficou conhecido
como"O grande avivamento".
JONATHAS E. cria na nessecidade da conversão passoal e ele mesmo passara por
ela ,perdeu o pulpito de sua igreja por exigir dos menbros da sua igreja
um testemunho passoal de salvação.Dai tornou-se missionario aos indios em
STOKBRIDGE,e neste tempo escreveu seus livros mais importantes:a liberdade da vontade
,e o pecado original.em 1757 ,foi escolhido reitor da universidade
de pricenton,e ao tomar vacina contra variula ,a propia inoculação lhe
transmitiu uma febre muito alta e faleceu em 1758.Edwards foi o mais importante
teológo pentecostal que já surgiu neste lado do atlantico.
Em new jersey,gilbert tennant pastor da igreja
presbiteriana de new brunscik em 1728,começou a pregar de uma forma tão ungida
que despertou a sua igreja a as adjacencias.Em fim todas as populações da
colonia foram sacudidas pelo grande avivamento e as igrejas congregacionais
,batista e presbiterianas cresceram em membresia e em poder.
Os resultados do grande avivamento foram maravilhosos.Cerca de 30
a 40 mil pessoas foram salvas e mais 150 novas igrejas foram plantadas na nova
inglaterra,numa população de 300 mil pessoas.As famílias foram moralmente
fortalecidas.Universidades como PRINCETON,Colúmbia,hampden-sidney foram criadas
para preparar os ministros para as igrejas que iam sendo fundadas.
SEGUNDO
GRANDE AVIVAMENTO( 1787)
EM
em 1787 um novo reavivamento ocorreu na universidade hampden-sidney chamando
atenção dos estudantes para o seu estado espiritual,chegando até as igrejas.O
avivamento chegou em yale em 1802,sob a liderança de timothy
dwight(1752-1817),neto de jonathas edwards ,cujas menssagens simples e
profundas acabaram com a incredulidade dos alunos.O avivamento chegou ao oeste
que viva um estado moral deploravel .O consumo de bebidas alcolicas era alto e
o indice de imoralidade alarmante .O avivemento espiritual contribuiu para o
fortalecimento da moral no oeste.A embriagues e a obscenidade deram lugar ao
pudor e a modestia.Em dez anos ,mais de 10 mil pessoas uniram-se somente a
igreja batista em kentuck ,neste periodo de oração e em 1786 foi implantada a
escola dominical.O avivamento também ,o manifestou a preocupação com a obra
missionaria ,foi fundada a junta americana de comissões para missões
estrangeiras ,como resultados das reuniões de oração no monte feno,de samuel
mille (1783-1818).
Entretanto ,o mais conhecido nome do segundo avivamento foi
CHARKLES G.FINEY(1792-1895),um advogado convertido em 1821, que trouxe
inovações que tornaram -se eficientes,como cultos anunciados previamente,linguagem
coloquial na pregação ,horários não padronizados para os cultos ,e citação de
nomes em oração publicas e a criação do lugar dos aflitos"onde as pessoas
com inquietações espirituais poderiam ir.
Após a gerra civil ,destaca-se a figura de DWIGT L.MOODY,que conseguiu combinar
o reaviamento com a evangelização de massas.Após excursões evangelisticas bem
sucedidas na inglaterra ,fundou a sociedade para a evangelização de
chicago em 1886,de onde surgiu o instituto biblico moody.Seus sucessores neste
novo tipo de evangelização mundial foram;Ruben Archer .torrey,gyspy,billy
sunday,e desde 1949 ,Billy gran é o mais proeminente evangelista internacional.
RESULTADOS DO SEGUNDO GRANDE
AVIVAMENTO
Alem dos milhões
que se converteram-se á Cristo,o aviamento promoveu profundas
mudanças que incluíam até mesmo reformas sociais.O aviamento expôs a ignorância
dos duelos á espada e revolver ,e atravez ,e atravez do avivamento foram
abolidas a prisão por divida e feita uma reforma prisional.O avivamento
despertou a conciencia das igrejas sobre a vergonha da escravidão .Charles
finey foi incançavel em seus esforços abolicionistas.O livro de harriet beecher
stowe"acabana do tomas "faz o movimento crescer".
O SÉCULO
MISSIONÁRIO
O seculo 18 foi sem
duvida um seculo de incertezas.O trabalho missionario dos protestantes
até então tinha sodo tímido.Em lugar do cristinismo desaparecer diante dos
ataques que sofreu no seculo 19,foi despertado e alastrou-se por todos os
continentes ,este seculo é chamado "o grande seculo das missões
evangélicas".Este despertamento fez com que os evangélicos exercessem uma
grande influencia ,até mesmo nos altos escalões.Noa estados unidos a igreja
cresceu de 10 para 40% durante os anos em curso do seculo.Os grandes
avivamentos na Europa e na América liderados por WESLEY,WITHENFIELD;E JONATHAN
no seculo 18 ,concientizaram os lideres evangelicos da sua responssabiblidade
para com os perdidos .Esta verdade inaugurou o movimento missionario moderno
com WILLIAM CAREY NA Inglaterra Samuel millis nos estados unidos.
SOCIEDADES MISSIONÁRIAS
Para
que os chamados para o campo missionario pudessem ir e realizar a tarefa,foram
criadas sociedades ,primeira destas sociedades missionaria batista
(1792)seguida pela sociedade de londres (1795)e da sociedade missionaria da
igreja.No continente europeu surgiu a sociedade missionaria dos paises
baixos(1797) e a missão de basiléia (1915);nos estados unidos a junta
americana de comissionados de missões estrangeiras (1810)e a junta americana
missionaria batista em 1814(notas reflexão teológicas do movimento pentecostal
ad/campinas /sp pp.14-16/).
HISTORIA DO AVIVAMENTO
NOS ESTADOS UNIDOS
Jonatas Edwards(1703-1758)
Fonte(Herois da
fé,OrlandoBoyer,cpad,1985,pp.51-59,cpad).
Há
dois séculos que o mundo fala do famoso sermão: Pecadores nas mãos de
um Deus irado e dos ouvintes que se agarravam aos bancos pensando que
iam cair no fogo eterno. Esse fato foi, apenas, um dos muitos que aconteceram
nas reuniões em que o Espírito Santo desvendava os olhos dos presentes para
eles contemplarem as glórias do Céu e a realidade do castigo que está bem perto
daqueles que estão afastados de Deus.
Jônatas
Edwards, entre os homens, era o vulto maior nesse avivamento, que se
intitulava O grande despertamento. Sua vida é um exemplo
destacado de consagração ao Senhor para o desenvolvimento maior do intelecto e,
sem qualquer interesse próprio, de deixar o Espírito Santo usar o mesmo
intelecto como instrumento nas suas mãos. Amava a Deus, não somente de coração
e alma, mas também de todo o entendimento. "Sua mente
prodigiosa apoderava-se das verdades mais profundas". Contudo, "sua
alma era, de fato, um santuário do Espírito Santo". Sob aparente calma
exterior, ardia nele o fogo divino, como um vulcão.
Os
crentes atuais devem a esse herói, graças à sua perseverança em orar e estudar
sob a direção do Espírito, a volta às várias doutrinas e práticas da igreja
primitiva. Grande é o fruto da dedicação do lar em que Edwards nasceu e se
criou. Seu pai foi o amado pastor de uma só igreja durante um período de
sessenta e quatro anos. Sua piedosa mãe era filha de um pregador que pastoreou
uma igreja durante mais de cinqüenta anos.
Dez
das irmãs de Jônatas, quatro eram mais velhas do que ele e seis mais novas.
"Muitas foram as orações que os pais ofereceram a Deus, para que o único e
amado filho fosse cheio do Espírito Santo, e que se tornasse grande perante o
Senhor. Não somente oravam assim, fervorosa e constantemente, mas mostravam-se
igualmente zelosos em criá-lo para Deus. As orações, à volta da lareira, os
estimularam a se esforçarem, e seus esforços redobrados os motivaram a orarem
mais fervorosamente... O ensino religioso e permanente resultou em Jônatas
conhecer intimamente a Deus, quando ainda criança".Quando Jônatas tinha
sete ou oito anos, houve um despertamento na igreja de seu pai, e o menino
acostumou-se a orar sozinho, cinco vezes, todos os dias, e a chamar outros da
sua idade para orarem com ele.
Citamos
aqui as suas palavras sobre esse assunto: "A primeira experiência, de que
me lembro, de sentir no íntimo a delícia de Deus e das coisas divinas, foi ao
ler as palavras de 1 Timóteo 1.7: 'Ora, ao Rei dos séculos, imortal,
invisível; ao único Deus seja honra e glória para todo o sempre. Amém'. Sentia
a presença de Deus até arder o coração e abrasar a alma de tal maneira, que não
sei descrevê-la... Gostava de passar o tempo olhando para a lua e, de dia, a
contemplar as nuvens e os céus. Passava muito tempo observando a glória de
Deus, revelada na natureza e cantando as minhas contemplações do Criador e
Redentor... Antes me sentia demasiado assombrado ao ver os relâmpagos e ouvir
a troar do trovão. Porém mais tarde eu me regozijava ao ouvir a majestosa e
terrível voz de Deus na trovoada". Antes de completar treze anos, iniciou
seu curso em Yale College, onde, no segundo ano, leu atentamente a famosa obra
de Locke: Ensaio sobre o entendimento humano. Vê-se, nas suas
próprias palavras acerca dessa obra, o grande desenvolvimento intelectual do
moço: "Achei mais gozo nisso do que o mais ávido avarento, em ajuntar grandes
quantidades de ouro e prata de tesouros recém-adquiridos".
Edwards,
antes de completar dezessete anos, diplomou-se no Yale College com as maiores
honras. Sempre estudava com esmero, mas também conseguia tempo para estudar a
Bíblia, diariamente. Depois de. diplomar-se, continuou seus estudos em Yale,
durante dois. anos e foi então separado para o ministério.
Foi
nessa altura que seu biógrafo escreveu acerca de seu costume de dedicar certos
dias para jejuar, orar e examinar-se a si mesmo.
Acerca
da sua consagração, com idade de vinte anos, Edwards escreveu: "Dediquei-me
solenemente a Deus e o fiz por escrito, entregando a mim mesmo e tudo que me
pertencia ao Senhor, para não ser mais meu em qualquer sentido, para não me
comportar como quem tivesse direitos de forma alguma... travando, assim, uma
batalha com o mundo, a carne e Satanás até o fim da vida".
Alguém
assim se referiu a Jônatas: "Sua constante e solene comunhão com Deus, em
secreto, fazia com que o rosto dele brilhasse perante o próximo, e sua
aparência, semblante, palavras e todo o seu comportamento eram acompanhados por
seriedade, gravidade e solenidade".
Aos
vinte e quatro anos casou-se com Sara Pierrepont, filha de um pastor, e desse
enlace nasceram, como na família do pai de Edwards, onze filhos.
Ao
lado de Jônatas Edwards, no Grande Despertamento, estava o nome de Sara
Edwards, sua fiel esposa e ajudadora em tudo. Como seu marido, ela nos serve
como exemplo de rara intelectualidade. Profundamente estudiosa, inteiramente
entregue ao serviço de Deus, ela era conhecida por sua santa dedicação ao lar,
pelo modo de criar seus filhos e pela economia que praticava, movida pelas
palavras de Cristo: "Para que nada se perca". Mas antes de tudo,
tanto ela como seu marido eram conhecidos por suas experiências em oração.
Faz-se menção destacada especialmente dum período de três anos, durante o
qual, apesar de gozar de perfeita saúde, ficava repetidas vezes sem forças, por
causa das revelações do Céu. A sua vida inteira foi de intenso gozo no Senhor.
Jônatas
Edwards costumava passar treze horas, todos os dias, estudando e orando. Sua
esposa, também, diariamente o acompanhava na oração. Depois da última refeição,
ele deixava toda a lida, a fim de passar uma hora com a família.
-
Mas, quais as doutrinas de que a igreja havia esquecido e quais as que Edwards
começou a ensinar e a observar de novo, com manifestações tão sublimes?
Basta
uma leitura superficial para descobrir que a doutrina, à qual deu mais ênfase,
foi a do novo nascimento, como sendo uma experiência certa e definida, em
contraste com a idéia da Igreja Romana e de várias denominações.
O
evento que marcou o começo do Grande Despertamento foi uma série de sermões
feitos por Edwards sobre a doutrina da justificação pela fé, que fez os
ouvintes sentirem a verdade das Escrituras, de que toda a boca ficará fechada
no dia de juízo, e que "não há coisa alguma que, por um momento, evite que
o pecador caia no Inferno, senão o bel prazer de Deus".
É
impossível avaliar o grau do poder de Deus, derramado para despertar milhares
de almas, para a salvação, sem primeiro nos lembrarmos das condições das
igrejas da Nova Inglaterra, e do mundo inteiro, nessa época. Quem, até hoje,
não se admira do heroísmo dos puritanos que colonizaram as florestas da Nova
Inglaterra? Passara, porém, essa glória e a igreja, indiferente e cheia de
pecado, se encontrava face com o maior desastre. Parecia que Deus não queria
abençoar a obra dos puritanos, obra que existiu unicamente para sua glória. Por
isso, no mesmo grau que havia coragem e ardor entre os pioneiros, houve entre
seus filhos, perplexidade e confusão. Se não pudessem alcançar, de novo, a
espiritualidade, só lhes restava esperar o juízo dos céus.O famoso sermão de
Edwards, ''Pecadores nas mãos de um Deus irado", merece menção especial.
O
povo, ao entrar para o culto, mostrava um espírito leviano, e mesmo de
desrespeito, diante dos cinco pregadores que estavam presentes. Jônatas
Edwards foi escolhido para pregar. Era homem de dois metros de altura; seu rosto
tinha aspecto quase feminino, e o corpo magro de jejuar e orar. Sem quaisquer
gestos, encostado num braço sobre a tribuna, segurando o manuscrito na outra
mão, falava em voz monótona. Discursou sobre o texto de Deuteronômio 32.35:
"Ao tempo em que resvalar o seu pé".
Depois
de explicar a passagem, acrescentou que nada evitava, por um momento, que os
pecadores caíssem no Inferno, a não ser a própria vontade de Deus; que Deus
estava mais encolerizado com alguns dos ouvintes do que com muitas pessoas que
já estavam no Inferno; que o pecado era como um fogo encerrado dentro do
pecador e pronto, com a permissão de Deus, a transformar-se em fornalhas de
fogo e enxofre, e que somente a vontade do Deus indignado os guardava da morte
instantânea.
Prosseguiu,
então, aplicando o texto ao auditório: "Aí está o Inferno com a boca
aberta. Não existe coisa alguma sobre a qual vós vos possais firmar e segurar.
Entre vós e o Inferno existe apenas a atmosfera... há, atualmente, nuvens
negras da ira de Deus pairando sobre vossas cabeças, predizendo tempestades
espantosas, com grandes trovões. Se não existisse a vontade soberana de Deus,
que é a única coisa para evitar o ímpeto do vento até agora, serieis destruídos
e vos tornaríeis como a palha da eira... O Deus que vos segura na mão, sobre o
abismo do Inferno, mais ou menos como o homem segura uma aranha ou outro
inseto nojento sobre o fogo, durante um momento, para deixá-lo cair depois,
está sendo provocado em extremo... Não há que admirar, se alguns de vós com
saúde e calmamente sentados aí nos bancos, passarem para lá antes de amanhã..."
O
resultado do sermão foi como se Deus arrancasse um véu dos olhos da multidão
para contemplar a realidade e o horror da posição em que estavam. Nessa altura
o sermão foi interrompido pelos gemidos dos homens e os gritos das mulheres;
quase todos ficaram de pé, ou caídos no chão. Foi como se um furacão soprasse e
destruísse uma floresta. Durante a noite inteira a cidade de Enfield ficou como
uma fortaleza sitiada. Ouvia-se, em quase todas as casas, o clamor das almas
que, até aquela hora, confiavam na sua própria justiça. Esperavam que, a
qualquer momento, o Cristo descesse dos céus com os anjos e apóstolos ao lado,
e que os túmulos entregassem os mortos que neles havia.
Tais
vitórias, contra o reino das trevas, foram ganhas de joelhos. Edwards não
abandonara, nem deixara de gozar os privilégios das orações, costume que vinha
desde a meninice. Continuou a freqüentar, também, os lugares solitários na
floresta onde podia ter comunhão com Deus. Como um exemplo citamos a sua
experiência com a idade de trinta e quatro anos, quando entrou na floresta, a
cavalo. Lá, prostrado em terra, foi-lhe concedido ter uma visão tão preciosa
da graça, amor e humilhação de Cristo como Mediador, que passou uma hora
vencido por uma torrente de lágrimas e pranto.
Como
era de esperar, o Maligno tentou anular a obra gloriosa do Espírito Santo no
"Grande Despertamento", atribuindo tudo ao fanatismo. Em sua defesa
Edwards escreveu : "Deus, conforme as Escrituras, faz coisas extraordinárias.
Há motivos para crer, pelas profecias da Bíblia, que sua obra mais maravilhosa
seria feita nas últimas épocas do mundo. Nada se pode opor às manifestações
físicas, como as lágrimas, gemidos, gritos, convulsões, falta de forças... De
fato, é natural esperar, ao lembrarmo-nos da relação entre o corpo e o
espírito, que tais coisas aconteçam. Assim falam as Escrituras: do carcereiro
que caiu perante Paulo e Silas, angustiado e tremendo; do Salmista que exclamou,
sob a convicção do pecado: 'Envelheceram os meus ossos pelo meu bramido durante
o dia todo' (Salmo 32.3); dos discípulos, que, na tempestade do lago, clamaram
de medo; da Noiva, do Cântico dos Cânticos, que ficou vencida, pelo amor de
Cristo, até desfalecer..."
Certo
é que na Nova Inglaterra começou, em 1740, um dos maiores avivamentos dos
tempos modernos. É igualmente certo que este movimento se iniciou, não com os
sermões célebres de Edwards, mas com a firme convicção deste, de que há uma
"obra direta que o Espírito divino faz na alma humana". Note-se bem:
Não foram seus sermões monótonos, nem a eloqüência extraordinária de alguns,
como Jorge Whitefield, mas, sim, a obra do Espírito Santo no coração dos
mortos espiritualmente, que, "começando em Northampton, espalhou-se por
toda a Nova Inglaterra e pelas colônias da América do Norte, chegando até a
Escócia e a Inglaterra". De uma época de maior decadência, a Igreja de
Cristo, entre a população escassa da Nova Inglaterra, despertou e foram arrebatadas
de trinta a cinqüenta mil almas do Inferno durante um período de dois a três
anos.
No
meio das suas lutas, sem ninguém esperar, a vida de Jônatas Edwards foi tirada
da Terra. Apareceu a varíola em Princeton e um hábil médico foi chamado de
Filadélfia para inocular os estudantes. O nosso pregador e duas de suas filhas
foram também vacinados. Na febre que resultou, as forças de nosso herói
diminuíram gradualmente até que, um mês depois, faleceu.
Assim
diz um de seus biógrafos: "Em todo o mundo onde se falava o inglês, era
considerado o maior erudito desde os dias do apóstolo Paulo ou de Agostinho".
Para
nós, a vida de Jônatas Edwards é uma das muitas provas de que Deus não quer que
desprezemos as faculdades intelectuais que Ele nos concede, mas que as
desenvolvamos, sob a direção do Espírito Santo, e que as entreguemos
desinteressadamente para o seu uso.
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